quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Ódios extremos, adorações extremadas
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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Metalinguagem
Pôs-se de pé. Lavou o rosto na água gelada da torneira gelada. Vestiu o roupão de linho. Passou o café, encheu uma xícara grade. De certa forma ele achava que esses três elementos combinavam: o frio, o roupão de linho e o café. Se postos todos os três em uma única caixa iluminada cinzentamente, claro.
Por mais que apreciasse esse modo de vida preguiçoso, ele estava cansado. Queria sair um pouco de casa, sentia que não agüentaria nem mais um dia com a caneta na mão escrevendo corridamente durante horas. Rorrim estava escrevendo um conto interminável. Interminável não em extensão, mas em prazo de escrita e consumo de seu tempo, e também em outros elementos. Escrevia muito, e apagava e rabiscava mais ainda o que havia escrito. Aquela tarefa se tornara fadigosa. E agora, justamente no dia em que ele resolvera reservar para tomar um pouco de sol, a situação conspirara contra ele, forçando-o a debruçar-se mais uma vez nos escritos amontoados pelo chão de mogno da sala. Não havia saída. É claro que ele poderia fazer outra coisa ao invés de voltar a escrever naquele dia, mas, justamente no momento em que ele procurou algo que pudesse substituir tal atividade, sentiu um enorme remorso em abandonar os papéis e decidiu dedicar-se, por mais exausto que estivesse, a eles.
Deitou-se no chão, que também estava gelado, e apanhou as folhas: era assim que ele gostava de escrever. Decidiu não reler tudo o que havia escrito até então, ao todo três paginas. Recapitulou apenas as últimas linhas e pôs-se a escrever.
Não conseguiu escrever nada. Olhava para o teto, para as fendas no mogno do assoalho, para a xícara de café, agora já vazia, para o ar invisível, mas não conseguia extrair de nada faísca que pudesse impulsioná-lo a retomar o conto. Sentiu-se sem energia alguma e totalmente indisposto a escrever naquele momento e decidiu recorrer a uma antiga técnica de relaxamento que não praticava há tempos: visitar o porão.
Levantou-se, definitivamente, e foi ao porão. Desceu as escadas de madeira semi-podre, devido à umidade do local, e olhou a sua volta. Adorava porões. Dirigiu-se a um amontoado de caixas de papelão, as quais nunca havia reparado naquele recinto. “Devem ser do antigo dono da casa.” Abriu-as. Em seu interior, havia muitos livros, o que o deixou contente. Um deles era um que ele havia lido há muito, sobre uma personagem chamada Dorian. “Idiota, ele... Como nunca percebeu que aquele quadro de quadro não tinha nada, era simplesmente um espelho! Muito idiota...”, comentou.
Contudo, o que mais lhe chamou a atenção foi um ramalhete de papéis. Parecia ser um conto. Ao ler o título, encabulou-se: “Metalinguagem”, o mesmo do conto que estava escrevendo. Estranhou. Correu de volta a sala, jogou-se no chão, colocando ambos contos lado a lado.
Iniciou a leitura do conto (que apenas se diferenciavam pelas cores das páginas, mais amarelas e, as do outro, mais alvas). A história narrava os fatos de um escritor que, ao cansar-se de escrever um conto, dirige-se ao porão e encontra, acidentalmente, um conto com o mesmo título – Metalinguagem – do que escrevia. Estranho. O enredo parecia referir-se ao próprio conto. Ora, esse era o tema da história! Havia mais: o conto ainda relatava a comparação e o estranhamento do autor ao comparar as histórias, que faziam referências a si mesmas. Estranho!
Agora não sabia mais diferenciar os contos: não sabia mais qual era o seu, qual era o achado no porão. Eram idênticos. Na verdade, possuíam uma diferença básica: a cor. Não julgue Rorrim por daltônico e muito menos idiota por não saber diferenciá-los com base nesse critério. O fato é que ele simplesmente não sabia qual dos dois era o seu justamente, pois, em ambas as narrativas havia um trecho que dizia exatamente assim: “[...] que apenas se diferenciavam pelas cores das páginas, mais amarelas e, as do outro, mais alvas.”, o que impedia com que ele soubesse se o de paginas brancas ou amarelas era o seu por falta de um especificador de referencial!
Rorrim se sentia perdido e com mil flechas apontando em direção a ele. Os arcos eram brandidos por ele mesmo, como se estivesse em frente a um espelho, olhando para si mesmo, em um labirinto labiríntico que dava voltas e terminava no mesmo lugar. E ele leu esse trecho na versão de páginas amarelas e achou interessante a construção “labirinto labiríntico”, um jogo de vocábulos que contribui para a construção de uma figura linguagem criativa, já que a própria idéia de labirinto é evocada na expressão formada. E, essa idéia é ainda mais valorizada se trabalhada em um conto cujo intuito principal é fazer com que o leitor se sinta em um labirinto. Opa, essas últimas assertivas são problemáticas: elas rompem com gênero desse texto, ele deixa de ser um conto passa a ser uma análise. É melhor apagá-las. Ou não? Deixá-las-ei aí, não as apagarei...
“Deixá-las-ei aí”, disse Rorrim, ao ler a versão branca do conto.
“Deixá-las-ei aí”, disse Rorrim, ao se ler na versão amarela do conto.
(Preocupação com a colocação pronominal é algo tão erudito!) Riu ao ler esse trecho em alguma das duas versões, não sabia qual.
Seus joelhos doíam por estarem a muito tempo sendo pressionados contra o chão duro de mogno. Hoje ele sabia que havia sido um erro não haver colocado carpetes macios por todo o chão da sala, se houvesse feito isso, seus joelhos não estariam doendo naquele momento. “Ao ler essa passagem de uma das duas versões, ele reparou que a palavra ‘erro’ havia sido escrita com a grafia errada e resolveu corrigir. Fez isso em ambas as versões. Odiava erros ortográficos”.
Rorrim decidiu fazer algo que não estivesse na narrativa. Queria dar uma de espertinho, de romper com a metalinguagem. Mas o que poderia fazer para conseguir isso? “pensou.” Já sei: vou tentar romper com a metalinguagem! Duvido que isso esteja narrado aí! “... Será?”, levou o dedinho à boca.
Seu próprio ato já fornecia respostas para sua dúvida. Às vezes, escrever é vigiar.
E, lembrando-se da definição tosca do gênero literário “Conto” que uma professorinha de primário ensinou-lhe (uma narrativa curta e blá, blá...), pegou a versão amarela e leu o seguinte trecho: “E, lembrando-se da definição tosca do gênero literário “Conto” que uma professorinha de primário ensinou-lhe (uma narrativa curta e blá, blá...), pegou a versão amarela e leu o seguinte trecho...”
De olhos arregalados, ele atirou o conto amarelo ao chão, assustado.
“Rorrim percebeu, ao ler esse exato trecho nessa versão branca do conto, que todos os fatos narrados aqui refletiam simplesmente os fatos que estavam se passando em seu dia! Desde o momento em que acordara! Ele era o personagem daqueles enredos que lia e que escrevia.”
Enraivou-se e rasgou todas as folhas que estavam a sua frente. Não havia mais contos agora. No entanto, por que essa metalinguagem alucinante continuava e continuou?
Na verdade, ainda existia uma versão do conto recontando a um leitor escritor, ou a um escritor leitor, os fatos renarrados da narrativa. Não é? É. E é por isso que o conto que Rorrim escreve é interminável.
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sábado, 29 de dezembro de 2007
Mergulhando
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Calvinando
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Saraivando
Querido dsiário, [adoro curtir com gêneros literários! haha!]
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Aviso
"Gentse, como assim vocês ainda não perceberam que a nova música da Britney, Gimme More, é sobre drogas???"
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Ruta no Ra
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quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Pânico na Sala de Aula
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Melodias de Vida
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terça-feira, 20 de novembro de 2007
Discussão acerca da existência de uma natureza humana e a importância da deliberação frente às suas problemáticas
A discussão acerca da existência de uma natureza humana, que proporcionaria ao homem direitos inalienáveis, é inútil. No entanto, visto que existe uma percepção intra-social realizada pelos indivíduos acerca de direitos inalienáveis, feita através do contato destes com sua cultura e com suas ideologias, sejam eles válidos ou não, deve-se considerar tanto a sua função na sociedade quanto a possibilidade de formulação desses direitos inerentes à uma suposta "natureza humana" que forçariam ações individuais e sociais. A problemática inserida nisso é não só o reconhecimento e legitimação desses diretos, mas também de avaliação dos mesmos. Por isso, em termos normativos, deve-se investir em políticas de deliberação com o fim de propiciar discussões que visem alcançar e definir consensualmente, sendo isso possível ou não, quais são esses direitos que os membros da sociedade enxergam através da sua lente cultural-ideológica.
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A Monografia
16h50, minha casa:
lyanna (clack!) - www.waltzforanight.blogspot.com diz:que isso?a modernidade, que me fez o favor de acabar com os heterosvai ser minha monografia."A modernidade e a morte do cromossomo y"
pi diz:kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk mas tem que ser na area de letras, entao o tema tem que ser esse: "A relação entre a linguistica aplicada da modernidade e o cromossomo y"
lyanna (clack!) - www.waltzforanight.blogspot.com diz:"e a morte do cromossomo". tenho que falar que ele morreusenão vão achar que escrevi sobre ele. daí fica sem créditos. ah não
pi diz:nao, lý. é pq vai ser uma dissertação literária, vc só vai contar que o cromossomo y morreu no final, NO CLIMAX!!! ai as leitoras choram. senao forem feministas, claro.
lyanna (clack!) - www.waltzforanight.blogspot.com diz:HSAUihsaiushaiusaHiUAShsaUIhSAeu vou chorar escrevendoah não, gente. ah não, pi!
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Aquela que devia ter comido o próprio cérebro
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quarta-feira, 26 de setembro de 2007
A Mostarda
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segunda-feira, 3 de setembro de 2007
A Pia

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sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Dalí
(um beijo para um pedacinho de flor)
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segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Andança
Talvez seja tempo de andar e da não fazer o nada.
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domingo, 26 de agosto de 2007
Se minha cabeça doer

Um. Uma sala da faculdade, um aviso atrás da porta de entrada gritava em letras vermelhas escorridíssimas: “Não retirar as cadeiras desta sala!”. E, logo a baixo, uma inscrição à caneta, letra cursiva e muito pessoal, retrucava: “E o direito de ir e vir das cadeiras?!”. Isso definitivamente me fez pensar em como o ser humano é um ser maligno, que faz uso de tudo ao seu redor em beneficio próprio, que oprime, castra, mutila e ursupa direitos! Que mundo triste! Como ficarão as pobres cadeiras em meio a tanto abuso? Que difícil deve ser para elas.
Dois. Eu andando nas entrequadras. Fim de tarde, passa do meu lado uma moça com um cachorro, cuja raça desconheço. O animalzinho segurava com a boca um gravetinho, daqueles que a gente vê em desenho animado mesmo, um gravetinho perfeito, brinquedinho preferido dos cães. Pois é, então, após observar que a dona estava de cara feia e nem olhava para animal, eu pensei que o cão poderia muito bem estar brincando sozinho, fazendo tanto o papel da dona, ao atirar o graveto para longe, quanto o seu próprio papel, o sair correndo (com a língua de fora) para apanhar a madeirinha. Uma revelação: dessa forma, pensei, o cachorro poderia ir aonde quisesse, ir à China, andar sem se cansar, pois estaria brincando e nem veria o tempo passar, bastava apenas ele ir atirando o gravetinho cada vez mais longe e mais longe e mais longe e mais longe e mais longe e mais longe e mais longe e mais longe e mais longe China.
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terça-feira, 21 de agosto de 2007
Vento e Vidro
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terça-feira, 7 de agosto de 2007
Análise - 8 Femmes

Acima de tudo, 8 Femmes é um filme francês. Tanto pelo cuidado com a cenografia e com o figurino – lindos e coloridíssimos – quanto pelos temas peculiares e pouco comuns que a história aborda, como é o caso do relacionamento de Marcel com as filhas. Também devemos nos lembrar das músicas típicas francesas que dão ritmo à película, por mais que elas nem sempre estejam de acordo com o enredo ou com a situação que se desenvolve na história. Aliás, uma análise que não esteja tão preocupada com a verossimilhança do filme, poderia mencionar que as partes musicais servem simplesmente para chamar a atenção do publico para longe do quarto onde o morto, que não está morto, se encontra; distraindo o espectador e escondendo a verdade, como se todas elas soubessem que Marcel ainda estava vivo. Boa interpretação, mas peca pela falta de verossimilhança.
O que mais me encanta no filme é a visível estática teatral que o permeia do começo ao fim e que se mistura com o melhor glam francês, visível em Pierrette e em Augustine após a transformação. Observamos que a maior parte da história transcorre em uma sala de estar, com seus vários ambientes que dão espaço ao entra e sai das atrizes. Fantástica o último take da exibição que mostra as oito de mãos dadas de frente para a câmera, como que para fazer reverência e agradecer pela presença da platéia.
Vale muito à pena comentar alguns elementos componentes do enredo. O primeiro deles é a reação que as personagens têm ao saberem da morte do Patriarca Marcel, visto que, à exceção da caçula nos primeiros momentos depois da descoberta do assassinato, nenhuma outra personagem se mostra chocada ou aterrorizada com o ocorrido.
Em segundo plano, porém com uma importância catastrófica no filme, temos algo que pra mim é o que há de mais rico em toda a história: o fato de todos aqueles conflitos, problemas, discussões, casos e intrigas, aparecerem exatamente na situação da morte de Marcel, e justamente em função desta. É como uma bomba que cai em uma cidade e causa seus efeitos. Esse detalhe se faz muito importante para a compreensão da história, pois era exatamente isso o que a caçula queria trazer à tona, mostrar que nenhuma daquelas oito mulheres amava Marcel.
O desfecho é algo impressionante. Após a descoberta de que o pai não está morto (um anticlímax muito bom), mas apenas trancado no quarto onde o suposto assassinato ocorrera, o suicídio do mesmo ocorre com o intuito de por um ponto final em tudo aquilo que se desenvolveu durante todo o filme, como um último suspiro, querendo abandonar todos aqueles problemas que habitam aquele ambiente de família.
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quarta-feira, 1 de agosto de 2007
La TV de June
Pois é, estava ela lá com uma cobra amarela, a tal da piton (que todo mundo já cansou de ver mas que ninguém se cansou de perguntar se ela pica) amarrada ao pescoço e conversando com a dona, uma mulher qualquer.
Eis que a pergunta é feita:
-E então, Gisela, quando foi que você decidiu ter uma cobra de estimação?
-Uai, tudo começou com um sonho... Eu passei a sonhar constantemente que eu tinha uma cobra de estimação e que a minha vida era muito mais feliz. Rsrs...
Pausa pro comentário. Pense em Freud ouvindo sobre o sonho dessa sujeita. Pense nele tremendo na cova.
Agora pense na cara de Freud quando ficasse sabendo que a louca sonhadora comprou uma cobra por causa do sonho! Pense! Desapontamento total! Aff total!
Caí da cadeira...
E pra complementar, a proprietária do bicho diz:
-Nossa, e a cobra abre portas...
-Como assim? – pergunta a apresentadora tentando se desvencilhar dos inúmeros tentáculos do animal por todo o seu corpo.
-É... ela aprendeu que se ela enrolar o rabinho envolta da maçaneta...
Reticências.
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