quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Há dias quero postar algo aqui. Mas nada me vem a mente. Penso que para redigir é preciso, a priori, pensar. Ou pelo menos para redigir o que eu gostaria de redigir é preciso pensar para, pelo menos, ter algo a desenvolver na escrita. Não há sentido algum em sentar e deixar fluir livremente os dedinhos quando na verdade o que se quer é desenvolver algo. Estou tentando fazer isso aqui agora. Right now. Percebi que não tenho conseguido escrever nada nesse sentido aqui, e, o que me dá medo, é que talvez seja porque não tenho pensado muito ultimamente.

Lendo o blog da Ly agora há pouco, pensava(!) em como ela chegou a conceber o último post. Eu com a minha pala imagética louca a tira-colo, a vi deitada na cama, fumando um cigarro, com o cenho levemente franzido, olhando pra janela observando um temporal caindo lá fora (dizem que está chuvendo horrores em Goiânia...)

Ademais, tenho me apaixonado por alguns textos bem escritos, aqueles que dançam com uma fluidez invejável e com um trato distinto de concepção e desenvolvimento argumentativo. "Quero escrever desse jeito", penso enquanto leio telegramas de Baku, Astana ou Windhoek.

domingo, 25 de outubro de 2009

Pessoa A versus Pessoa B

A Pessoa A entra no recinto. Pisando com seu tamanquinho de madeira, incrivelmente irritante. Toc toc. Não, não era a porta. Era o tamanco. Toc toc. Agora era a porta. A Pessoa A se dirigiu à porta, toc toc, agora era o tamanco, pegou a maçaneta dourada descascada, e por isso feia, e abriu, nrheiu nrheiu, rangeu o metal. Do outro lado, a Pessoa B piscou o olho esquerdo silenciosamente, psc, ops, silenciosamente. Ela entrou no recinto, scip scip, arrastando seu chinelo, e sentou-se no sofá, puff. O sofá era de couro, então ele deve ter rangido, ruihn. A Pessoa A atravessou o recinto, toc toc, agora era o tamanco, toc toc, ainda o tamando, toc toc, tamanco de novo, parou e se virou para a Pessoa B, toc toc, mais uma vez o tamanco, e pronunciou-se: Você é uma pessoa muito mesquinha, senhor B. Toc toc, há! não era o tamanco!, era a porta! Toc toc, a Pessoa A se dirigiu à porta, toc toc, tamanco de novo, e a abriu, nrheiu nrheiu, mas não havia ninguém. A Pessoa B se ergueu do sofá, ffup, e se dirigiu ao canto do recindo, scip scip, local onde fora depositado o berço do Pequeno Pônei. Não se aproxime!, inteviu a Pessoa A, toc toc toc toc toc toc, o tamanco correu até a Pessoa B, já no canto do recinto. A mão se ergueu no ar e agarrou, sem amor, o ombro da Pessoa B, puxando-o para traz. Tudo isso muito vagarosamente. A Pessoa B, ou sentir seu ombro sendo puxado para trás, pensou que talvez sentisse um pouco de dor, devido a um ferimento relativamente grave que tivera duas semanas atrás. Apesar desse já estar curado, não se pode confiar nas dores do corpo humano, não é mesmo? Mas, de qualquer forma, a Pessoa B não sentiu nada além do toque dos dedos alongados da Pessoa A pressionando a carne ombral. A Pessoa B pensou que talvez fosse interessante dirigir já um olhar crucinante à Pessoa A, para que quando chegasse a ficar de frente a ela aparentasse nervoso e, consequentemente, perigoso. No entanto, o máximo que conseguiu projetar foi um cenho franzido, que nada mais denotava além de rugas. Enquanto tinha seu ombro puxado para trás, pensava em quão finos eram os dedos da Pessoa A. Quando conhecera ela, há 23 anos atrás, não havia percebido isso! Para todos os efeitos, isso era pelo menos um bom sinal, pelo menos um bom sinal de que a Pessoa A não tinha problemas cardíacos, pois, como dizem alguns, inchaço é sintoma.

Queria ter alguma novidade, mas não há qualquer sombra de inspiração para que eu possa criar uma.