quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Queria morar em uma locadora! Not!

Declaro aqui meu ódio irrevogável a todas as atendentes de locadoras do planeta terra! Desde que eu ganhei meu primeiro videocassete, eu sempre as odiei. É aquela coisa de sempre, você vai lá, elas estão com uma cara de bosta sentadas atrás do balcão, você pega Um Amor Pra Recordar na prateleira, se vira para ela, "Esse aqui é bom?", "Nossa, muito bom! O melhor filme que eu já vi! Você vai adorar! Pode locar com certeza!". Ou então, você vai lá, elas estão com uma cara de bosta sentadas atrás do balcão, você pega "Os Sonhadores" na prateleira, se vira para ela, "esse aqui é bom?", "Ahn, eu não gostei não. Meio pesado, sabe? Parece filme de doido... Eu não recomendo não..."
É por isso que eu as odeio. Pense só, uma mulherzinha chata, que fica de trás do balcão sentada com cara de bosta, e ainda por cima não tem senso algum de cinema! (Não que todo mundo tenha que ter senso, por exemplo, se ela trabalhasse num açougue eu não reclamaria dela ser uma topeira cinematográfica).
Ocorre que, ontem à tarde, fui locar um filme numa dessas locadoras que tem como atendentes esse perfil de profissionais (rsrs...). Não, eu não pergunto nunca a opinião delas sobre filmes, muito obrigado, eu tenho a minha própria, e não estou interessado na de uma pessoa que tem como diretor favorito Steven Spilberg (porque esse é o único que ela conhece!). Estou eu lá, entre as preteleiras, e ouço ao longe, no balcão:
"Hum, Josefa¹, você sabe se esse daqui é bom?", diz uma mulher imensa, com um loiro desbotado, e com a face que denunciava um eu-não-durmo-há-onze-meses.
"Ah, sim, muito bom."
"Fala sobre o quê?"
"Ah, é sobre uma irmã que tem um caso com o marido da outra sem ela saber e depois de tudo o marido morre e a irmã acha que foi a irmã que matou o marido que era amante da irmã, mas no final a irmã descobre que não foi não."²
A mulher imensa, com um loiro desbotado, e com a face que denunciava um eu-não-durmo-há-onze-meses, fez uma expressão de "que interessante!", e disse:
"Noçsha³, que interessante! Vou levar esse mesmo então!"
É por isso que eu não me dou bem com esse perfil de profissionais (rsrs...).
Ah! Terminei de ler Baricco!
Me dei a liberdade vermelha (o/) de abusar das notinhas nesse post!
¹Não, o nome dela não é Josefa não. É Carol. No entanto, para aprimorar o metodo de fazer o leitor odiar também a personagem, eu lhe dei um outro nome, digamos assim, menos comum.
²Não, eu não sou um analfabeto-sintatico. Eu escrevi essa bagunça toda exatamente como a balconista disse. eu sei que esse comentário de rodapé se faz desnecessário - pois pode-se perceber isso através de uma simplérrima interpretação de texto - mas eu queria que eu tivesse muitas notas pra escrever em itálico no fim do post e inventei mais essa!
³"Noçsha", explicação: ela tinha lingua presa.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Ano e Tempo

Quisera eu ter escrito uma breve retrospectiva, ou uma síntese breve, do que foi o meu ano passsado, cuja conclusão constaria o meu atual sentimento para o ano novo. Como incrivelmente muitas coisas, não o fiz.
Muitos tem dito que o ano passado foi um ano morto, expressão minha, que seja, um ano desperdiçado, expressão deles, que seja.
Eu não concordo com essa assertiva, para não ser cliché e, mesmo assim - inevitável, como se fosse - aderir a nova moda de parafrasear/citar outros blogs.
Sim, eu poderia ter visto mais filmes e ido mais ao cinema - algo que realmente deixar de fazer me põe em um atraso espessamente agoniante e cadavérico -, poderia ter lido mais livros, poderia ter revisto pessoas, poderia ter me jogado em direção às pessoas as quais eu senti falta. Mas não, tudo isso não me faz pensar que foi um disperdício.
De qualquer forma, costumo ver o tempo passando com relevante beleza para poder julgar de forma depreciativa qualquer passagem que nele tome espaço. É como se todos os atos, todas as falhas, todas as histórias e narrativas, todas as vidas, todas as pessoas, todas as cenas (e que cenas!) que mancharam e deram cor ao ano passado, construíssem uma obra plástica por si só, agora finalizada - intacta em uma arredoma de vidro, em um cubo de vidro exposta em algum museu. Não sairá mais de lá, nunca mais.
Eu me preocupo demais com os clichés e com a escrita piegas para dizer que o ano que passou vai influenciar nos próximos anos maravilhosos e vindouros da minha vida. Nem pensar. Isso é óbvio.
No entanto, da mesma forma que agora eu me dedico muito mais aos livros que não li, aos filmes que não assisti e às pessoas que não vi, para tentar dar outros contornos no quadro desse novo ano, eu me ponho em xeque frente às pessoas que me colocaram em um tabuleiro de xadrez no ano passado, me torturo com as dúvidas que ascendem de novas convivências, de novos interesses interpretados com antigas paixões, me derreto com um novo que não é uma perfeita progressão do que o ano que morreu deixou para o futuro. Dialética extrema.
Por mais que o tempo - que costumo dizer que é a coisa que mais me faz ver com beleza outras coisas - siga sempre em linha reta, o rastro que ele deixa, para frente e para traz, não tem nada da perfeição reta e seca. Não mesmo. Muitos vetores, muitas curvas, muitas quedas, muitas linhas.
Diferentemente de muitos outros que li, tenho medo do próximo ano.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Em processo decisório

O tempo passa, é óbvio. Mas o pior de tudo, não é o medo de quando o que você chamou de futuro se veste de presente, mas sim, quando você se dá conta de que a roupinha que esse vai usar depende das roupas que você hoje usa. É tudo um imenso processo de construção, que, por vez, depende de um processo decisório incrível. Incrivelmente impetrado pelo tempo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ódios extremos, adorações extremadas

Nas últimas semanas, uma frente quente de dureza tem se abatido sobre mim. E só vim a reparar isso agora. Uma extremação nada delicada em definir minhas preferências ao tomar contato com coisas novas. Começou com Woody Allen, que não é nada novo para mim, mas sim é novo os odes que alguns amigos meus têm feito a ele. Sim, eu acho Woody muito bom, genial em muitas fases, mas não em todas, não mesmo. Não gosto do tom dele nem um pouco, na maioria de suas comédias, tanto que meus preferidos são, de longe, Match Point e Melinda e Melinda; algo que posso explicar melhor depois. Enfim, depois muitos diálogos semi-raivosos, decidi me dar a liberdade de ter birra do Woody, uma extremação que não tenho quando lido com diretores.
Até aí tudo bem. Contudo, ontem me dei conta dde que eu ando fazendo muito isso. Muito mesmo. E o que é mais desastroso: fazendo isso com pessoas. "Conheci" uma pessoa nova ontem, e, dois minutos depois, decidi que não gostaria daquela pessoa, que acharia ela uma pessoa patética e asquerosa. Um exagero, o ser tem sim mil defeitos que me desagradam imensamente e que me irritam, mas eu podeira gostar ddela pelo menos um pouquinho, o que é impedido pelo fenomeno da "birra decidida". Isso é um problema, acho.
Pera aí. Essa postura minha não é uma coisa que começou a poucas semanas! Eu sempre fui assim! Que coisa!