quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eu sou uma pessoa legal, não sou? Falem a verdade. Me incomodo horrores em pensar que, quando estou inserido em um ambiente com pessoas desconhecidas, que se movimentam em uma cadência muito bem estruturada, e que exigem de mim alguma coisa qualquer, me sinto observado, medido e comparado. Fenômenos impossíveis de serem empreitados em qualquer ocasião social. Sinceramente o que mais me incomoda, é que sou incrivelmente tímido nessas situações, o que faz com que se perca muito de mim mesmo. É difícil evitar isso. Visto um personagenzinho com uma roupa de plástico que protege do mundo lá fora, calculo passos e posições dos cotovelos na mesa, miro olhares com cuidado, me movimento apenas quando o puder fazer com segurança. O resultado: tragédia. Não tem jeito. Tenho percebido que esse é o pior caminho. E, após ser surpreendido por uma gafe considerável num ambiente social como esse que descrevi, o melhor a fazer, e o que mais tenho força pra fazer, é chutar a roupinha de plástico. Chutar o balde inteiro, só pra ver o que acontece, já que o outro caminho não deu certo. Já passei vergonha mesmo, o que tenho a perder agora? Vou virar um tagarela (na medida do que eu aguendo tagarelar), um palpiteiro e vou deixar de lado essa vergonha que, na verdade, nada mais é do fraqueza.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Reformas

É curioso o tanto que o processo de remontagem e diagramação do blog se mostra quase como um processo de constituição individual, no sentido do construtivismo social. Pelo menos umas três vezes por semestre, me canso completamente do layout (o que geralmente coincide com períodos de esquecimento da existência desse). Depois de pelo menos uma semana ensaiando modificá-lo, começo a perambular pelos blog dos amigos e notar cada detalhe das suas páginas, quase que me perguntando porquê cada um deles desenhos-os daquela maneira. Aí, começo a me sentir um pouco perdido. Passo a traçar, mentalmente, como eu "gostaria" que meu blog ficasse. Rechaço pelo menos uns quatro modelos toda vez, sob o argumento de que não combina com o que a cara que eu gostaria que o depósito do que eu penso no momento tivesse.

A partir disso, conclusões rogam ser elucidadas:


Blog da Tati com seu layout ainda em construção, encargo depositado nas mãos da Lyanna, percebe-se que Tatiane Santana Pereira não tem pesonalidade suficiente para diagramar sua própria página. E, para além disso, que ela paga-pau para a amiga;

Blog da Lyanna perfeitinho, limpinho, coerentezinho, rs. Mas vai ler os posts pra ver o que acontece...

Blog do Beto meio que do nada, ele decide fazer um blog com um layout qualquer. E, meio que do nada, há!, o layout permanece o mesmo até hoje, sustentando seu índice de produtividade alucinante; mais de 300 posts e menos de 3 anos;

Blog do Cazarim incompreensível do começo ao fim. O que faz com que, logicamente, o layout não rogue comentários.

Dessa vez, não conseguia por nada nesse mundo bolar, sequer mentalmente, um layout que me satisfazesse, ainda mais com meus conhecimentos limitados de HTML. Fiquei quase duas semanas deixando o blog capenga, com o título torto, imagens desconcertadas, combanações horrorsas de cores. Enfim, consegui algo que parece suficiente, mesmo que simples.

Campanha-para-a-aTati-não-fechar-o-blog

Vamos mobilizá as pessoas! Vamo lá! A revolução tá aí!

Sobre reencontros

Vontade imensa de ficar abraçadinho um tempão! E o acúmulo de novidades - caralho, como pode tanta coisa acontecer em um mês! - agonia! Ficar num café sentado, fumando e conversando horrores, até a língua rachar de secura no inverno brasiliense, sangrar e cair dura no chão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu quero tanto que todos fiquem bem. Que daqui há alguns poucos anos a gente se olhe e veja como tudo está direitinho, no lugar, nossas vidas acertadas, com uma sensação, que dure um segundo, que seja, de que já cumprimos muito que agora jaz pra trás. Bebamos um copo de água, sentemos e esperemos.
Bebamos chá em xícaras de porcelana colorida na sacada da casa de um de nós, numa manhã de domingo, meio nublada, e obviamente bonita, todos juntos, farfalhando o jornal, comentando amenidades, ouvino um jazz, saboreando a geléia, talvez um pouco de mel, todos juntos, sentido a leve brisa fria, com aquele ar de recém-acordar que parece deixar as pessoas mais bonitas, mais próximas umas das outras, mais nuas e entregues à total devoção aos que vêem. Eu quero tanto que todos fiquem bem.

Tempo e Sorrisos

Tenho tentado várias coisas. De um turbilhão que passa pela minha cabeça como um Halley (que ainda hei de ver, rs), tenho tentado deixá-las todas de lado. Concentração tem sido muito exigida. Me distraio por algumas dezenas de minutos e, olha lá!, eu preocupado e ansioso, mais uma vez, com algo. Tenho tentado pensar, há muito, que é apenas parar um pouco e me concentrar. Talvez descer e ir fumar com um bom copo de café na Esplanada, observando as bandeiras silenciosas, mas imponentes (como o bem já dizia), e o Palácio do Itamaraty, principalmente por volta das seis horas, horário em que, o Sol ainda deita na terra sombras enormes e as luzes desse prédio já estão acesas, como se quisessem criar algo no imaginário da cidade. Sentir a brisa constante da cidade, a secura do tempo, o ir-e-vir das pessoas. Ou então, talvez, chegar em casa e saber que há um filme esperando para ser assistido, um resto de coca que queria ser compartilhado mas será bebido só por mim, por enquanto. Tenho tentado guardar pequenos gestos diários que parecem me fazer mais leve. O Mann tem me distraído, descobri uma tara por livros imensos e que parecem nunca terminar, e que te fazem sentir como que envelhecendo ao passar das páginas junto com os personagens.
Acho que nunca havia sentido tanta ansiedade oriunda de todos os lados da minha vida. Aí, por incrível que pareça, o que mais me diverte é tentar remeter a uma sensação de eterna pequenez. Como se o tempo conseguisse esmagar tudo isso, de uma só vez. Contei há poucos dias a um amigo de uma peripércia infantil que realizei. Um dos dias mais difíceis da minha infência, daqueles que parecem que nunca vão acabar. Subi no telhado do meu prédio, mãe e pai descobriram, chegaram em casa pro almoço e me esfolaram com mão e palavras. Tapa, surra, castigo. Juro que se soubesse, naquele dia, que, num futuro não muito distante escreveria sobre isso aqui, com esse tom em específico, daria um pequeno sorriso com o canto da boca, de prenúncio, apenas. Fico pensando se ainda posso pensar dessa forma hoje, como que vislumbrando um pequeno futuro de calmaria, em que, crises e ânsias de agora, seriam sorrisos de canto de boca. A conclusão que me vem é que talvez nunca deixemos de ser crianças, pois o tempo está sempre a um passo a frente. De qualquer forma, anseio pela calmaria. Não peço nada demais; mas é que às vezes parece tão difícil chegar lá. Tenho tentado muitas coisas, e de muitas espero retorno.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Combinato nº247

Farfalhou as folhas de papel almaço a procura de alguma inspiração mas nada encontrou apesar da poeira acumulada na ponta dos dedos. Marrom. Sentava na cadeira entediado, à procura de uma inspiração, precisava escrever algo, duas linhas que fossem! Mirava nas páginas percorrendo linhas-letras e tinta mas parecia que, na verdade, estava a olhar para a lente do próprio óculos, sem nada ver a frente. Se divertia com o reflexo disforme no vidrinho. Farfalhou as folhas de poeira entediado à procura de uma inspiração. Verde, que fosse uma inspiração verde. Entediava a cadeira, à procura de uma inspiração, precisava de duas linhas, que fosse! Mirava nas linhas-letras percorrendo páginas e tinta mas parecia que, na verdade, estava a olhar a frente da própria lente. Se divertia com o reflexo. Procurou uma inspiração farfalhada em meio às folhas de papel almaço, mas encontrou cinzas. Poeira. À procura de uma inspiração, entediado para escrever algo, duas linhas que fossem! As linhas-letras miravam nas páginas de tinta mas, na verdade, parecia que olhavam para elas mesmas, percorrendo umas-às-outras, sem ver nada a frente. Se divertiam com seus reflexos disformes. As folhas farfalharam procurando algum dedo, mas só encontraram poeira. O dedo estava disfarçado, escondido: não o perceberam. Marrom e cor-de-pele. As folhas precisavam de duas linhas para preenchê-las, que fosse! Miravam a tinta e pensavam em linhas-letras percorrendo a pauta, como se fizessem algum sentido, mas, na verdade, se faziam sem nada ver a frente. À procura de uma inspiração, se divertiam.