quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tempo e Sorrisos

Tenho tentado várias coisas. De um turbilhão que passa pela minha cabeça como um Halley (que ainda hei de ver, rs), tenho tentado deixá-las todas de lado. Concentração tem sido muito exigida. Me distraio por algumas dezenas de minutos e, olha lá!, eu preocupado e ansioso, mais uma vez, com algo. Tenho tentado pensar, há muito, que é apenas parar um pouco e me concentrar. Talvez descer e ir fumar com um bom copo de café na Esplanada, observando as bandeiras silenciosas, mas imponentes (como o bem já dizia), e o Palácio do Itamaraty, principalmente por volta das seis horas, horário em que, o Sol ainda deita na terra sombras enormes e as luzes desse prédio já estão acesas, como se quisessem criar algo no imaginário da cidade. Sentir a brisa constante da cidade, a secura do tempo, o ir-e-vir das pessoas. Ou então, talvez, chegar em casa e saber que há um filme esperando para ser assistido, um resto de coca que queria ser compartilhado mas será bebido só por mim, por enquanto. Tenho tentado guardar pequenos gestos diários que parecem me fazer mais leve. O Mann tem me distraído, descobri uma tara por livros imensos e que parecem nunca terminar, e que te fazem sentir como que envelhecendo ao passar das páginas junto com os personagens.
Acho que nunca havia sentido tanta ansiedade oriunda de todos os lados da minha vida. Aí, por incrível que pareça, o que mais me diverte é tentar remeter a uma sensação de eterna pequenez. Como se o tempo conseguisse esmagar tudo isso, de uma só vez. Contei há poucos dias a um amigo de uma peripércia infantil que realizei. Um dos dias mais difíceis da minha infência, daqueles que parecem que nunca vão acabar. Subi no telhado do meu prédio, mãe e pai descobriram, chegaram em casa pro almoço e me esfolaram com mão e palavras. Tapa, surra, castigo. Juro que se soubesse, naquele dia, que, num futuro não muito distante escreveria sobre isso aqui, com esse tom em específico, daria um pequeno sorriso com o canto da boca, de prenúncio, apenas. Fico pensando se ainda posso pensar dessa forma hoje, como que vislumbrando um pequeno futuro de calmaria, em que, crises e ânsias de agora, seriam sorrisos de canto de boca. A conclusão que me vem é que talvez nunca deixemos de ser crianças, pois o tempo está sempre a um passo a frente. De qualquer forma, anseio pela calmaria. Não peço nada demais; mas é que às vezes parece tão difícil chegar lá. Tenho tentado muitas coisas, e de muitas espero retorno.

2 comentários:

Tati disse...

Não é qualquer pessoa que escreve textos que me tocam assim. Lindo, pi.

beta(m)xreis disse...

nossa pi, sabe que eu acho uma ótima? pensar na nossa pequenez. te juro. engraçado, parece aquela onda meio de veneno-remédio, sabe? tudo depende da dosagem. do tipo: às vezes refletir sobre a pequenez é angústia. noutras, alívio. é lindo.