segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Estado das Coisas

De repente, sinto um asco, meio que conclusivo, de como as coisas tem se encaminhado. Asco desse semestre em que eu assisti, sentado no meu sofá em média umas 6 horas por dia, quasi inutilidades se tornarem obrigações indesejadas e cotidianas, que me distraíam - da mesma forma que a TV tentava fazer - do que eu realmente queria estar fazendo, mesmo sem que eu mesmo soubesse exatamente o que era - apenas por partes. Asco dos compromissos me prendendo a uma rotina de agonia e correria. Asco de todas as convivências forçadas, tentando me arrancar da boca palavras pra mim indesejadas que nada mais fazem do que mascarar um "de nada importa". Asco da desorganização que, de uma hora pra outra, se fez disso tudo que antes era tão everything-in-its-right-place.
Tem dias que eu acordo sentindo que tudo está voltando, aos poucos, ao lugar. Depois de uns dois meses percebendo isso, e, não encontrando padrão algum além dá própria instabilidade entrópica, a descença me acomenteu no sentido de que qualquer que sejam esses momentos em que eu paro e de relance sinto que as coisas serão postas no lugar, sejam apenas vislumbres distantes de uma vontade de estabilidade, de apego, de referência. Vontade de potência. De sanidade.
Ando cansado. É é o tipo de canseira que eu rezo para que julho lave e deixe tudo brilhando, novo. Ando cansado das discussões que a nada levam, e, mais ainda, das que sequer discussões são. Tenho tentado, muito, achar refúgio. Mudei meu quarto diversas vezes, viagei pra Goiânia, abracei meus amigos, tentei voltar a ler literatura, fumei todos os cigarros da praça, bebi todas as garrafas estocadas na despensa, tentei ouvir música, tentei ficar no silêncio, tentei escrever, tentei rasgar meus textos e livros. Mas o que importa é que eu apenas tentei. E nada, absolutamente nada, se fez. Não é que eu não tenha força para parar a locomotiva. Eu não tenho é coragem.
Ao fim de tudo, fico me perguntando de que forma cheguei a ser isso que estou vivendo. Nunca fui assim, nem mesmo sequer me vi alguma vez assim. Sinto saudade da calmaria das retas traçadas e da possibilidade e da vontade de traçá-las, por mais toscas que essas me soem agora. Sinto saudades, cada vez maior, de uma certa infantilidade que vivíamos, da leveza que essa nos dava, do riso constante e da noção de companhia etérna. Sinto saudades de não ser tão livre quanto sou hoje e sinto saudades do tempo que nunca houve em que eu era, por tudo, livre. Sinto saudades do tempo em que eu reclamava do gosto da água e isso parecia fazer sentido.
Será isso tudo uma emboscada?

Allors, qu'est que il y a?
On a dit que le grand finale se approche. Et ça c'est tout.