Nota: censurado.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Sobre os acontecimentos dos últimos dias (ou anos?)
Era uma vez um grupo de amigos que resolver dar início a uma discussão, invocando um assunto precioso, e, então, nunca mais pararam de falar sobre.
Que medo.
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Da Farmácia Metalingüística
Ou "Mil variações da mesma situação" (estou me sentindo o Gus Van Sant hoje, haha!)
A cleptomaníaca vai à farmácia:
- Tem remédio pra cleptomania?
- Temos sim. Aqui está.
- Quanto é?
- Vinte e do... uai, onde ela se meteu?
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Um homem com amnésia vai à farmácia:
- Tem remédio pra amnésia?
- Temos sim.
- Temos sim, o quê, meu filho???
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A mulher com síndrome de Tourette vai à farmácia:
- Tem remédio para a síndrome de Tourette?
- Não.
- Porra!
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O homem com TOC vai à farmácia:
- Tem remédio pra TOC?
- Não.
- Tem remedio pra TOC?
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Uma mulher com distúrbio de ansiedade vai à farmácia:
- Temremédiopradistúrbiodeansiedade?
- Vou dar uma olhad...
- Anda logo!
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Um homem com distúrbio de personalidade vai à farmácia:
- Tem remédio pra disturbio de personalidade?
- Temo...
- Temos sim, vai querer levar quantos, doutor?
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Morangos Mais Maduros?
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Para minha amiga Austen
Puff, Jane tolinha....
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Aí, depois de alguns segundos, o Beto vira e fala: "Gzente, mas é claro que não existem verdades universais!!! É tudo relativo!!!"
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Cotsidsiano
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Rouanet
"É verdade que existe ainda uma possibilidade de hierarquizar culturas, desde que se adotem critérios de eficiência interna, e não critérios qualitativos. Por essa via, a "civilização" pode reentrar em cena. Por exemplo, podemos dizer que uma sociedade com maior coeficiente de urbanização, ou organizada segundo uma divisão de trabalho mas eficaz e mais diferenciada que as outras, mais complexa - mais civilizada, se se quiser. Mas mesmo nesse caso, não se trata de avaliação, e sim de decrição - a presença ou não de núcleos urbanos é um fato mensurável, numa esfera que não exige do cientista social qualquer tomada de posição com relação ao mundo das normas e valores."
Considero muito problemática a concepção de Rouanet acerca de barbárie. Na obra, o autor reconhece que tem um conhecimento muito reduzido da disciplina antropológica, e, realmente, na minha opinião, esse fato se trasforma em um grave problema que afeta a sua tese central.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Livros e Promessas
Poderia ser uma página de um livro de uma vida:
...
"E, então, a pertir daquele dia os amigos dele perceberam que, aquela pormessa que ele havia feito, não muito distante, ainda ressonaria por muitos e muitos tempos, uma reiteração infinita que conseguia carregar um certo peso de muitas memórias, e uma certa leveza, por beleza própria. O Cigarro nos bolsos, o Cigarro nos dedos, o Cigarro em poses blasés e bleas. Vagarosamente. Vagarosamente os amigos iam percebendo que ele sempre reclamaria de tal promessa, que ele nunca iria contra."
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Morangos Maduros?
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Por que escrevo?
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O Montinho de Palavras Amontoadas
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Irritações de Professor
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
A Psicologia da Personalidade em Persona, um filme de Ingmar Bergman
Ingmar Bergman
Ernst Ingmar Bergman nasceu em Uppsala, na Suécia, em 1918. Cresceu rodeado por um ambiente religioso e por uma educação rígida sintetizada pelo estrito código ético de seu pai, que era um pastor Luterano. Esses elementos, mais tarde viriam a influenciar fortemente em sua produção artística, fazendo desta um bom reflexo de sua personalidade, ou da construção da mesma; como por exemplo ocorre em Fanny e Alexander, de 1982, considerado o filme-testamento do diretor, que conta com traços da história de sua infância.
Primeiramente, Bergman estudou Literatura e Arte, em Estocolmo. Não completando esse curso, voltou sua atenção ao Teatro – campo em que trabalhou escrevendo roteiros e dirigindo atores -, e, só posteriormente, ao Cinema.
Os filmes de Bergman são marcados pela complexidade. Complexidade que se mostra de várias formas: tanto no desenvolvimento do enredo, abordando temas profundos e de forte apelo emocional, quanto à própria construção cinematográfica, que por não apresentar uma linha de raciocínio necessariamente lógica ou temporal, consegue confundir facilmente os olhos de expectadores mais destreinados.
Mesmo não tendo conseguido estabelecer em seu país uma tradição cinematográfica forte, Ingmar Bergman é um artista de peso mundial, com contribuições fantásticas para o Cinema Clássico.
É importante falarmos sobre algumas outras obras desse diretor para nos situarmos em sua produção cinematográfica, compreendendo seu estilo e conhecendo os temas que ele usualmente trata, e posteriormente podermos analisar Persona com mais propriedade.
O Sétimo Selo foi realizado em 1957 (e indicado ao Golden Palm, no mesmo ano) e é um marco na história do cinema pois trata de uma tema extremamente metafísico e humano, ao mesmo tempo: um diálogo com a morte. Com uma estética neo-expressionista – principalmente pela sua composição imagética escurecida – o se passa nos tempos medievais (elemento também presente em outros filmes do diretor, como por exemplo Noites de Circo) e tem como enredo a rapsódia de um homem em conflito, que encontra a morte, que o convida para um jogo de xadrez. Todo o filme é cunhado por um incrível peso existencialista e por uma interessantíssima densidade psicológica. Juntamente com Persona, Fanny e Alexander e Gritos e Sussurros, O Sétimo Selo é considerado uma das melhores produções de Bergman.
Outro filme que conta com uma boa dose de psicologismo é O Rosto, de 1958. Dessa vez, Bergman aborda o sobrenatural, tecendo uma teia com a arte, a cresça e o indivíduo, levantando perguntas ao expectador, como por exemplo um questionamento acerca dos limites da razão humana, ou da cresça humana nessa razão. Tudo isso é tratado com um enredo que conta a história de um mágico que chega com sua trupe à mansão de um homem, e lá, passa a iludi-lo. A trama do filme também trabalha com a idéia da nossa verdadeira face, da nossa verdade interior, aquela que escondemos sob máscaras, criando situações riquíssimas e de alto valor para a análise psicológica, com os personagens.
Um filme muito recente de Bergman que foi aclamado pela crítica é Gritos e Sussurros, de 1972, ano em que foi indicado à três Oscar, incluindo melhor diretor, melhor filme melhor roteiro. Dessa vez já com a película colorida, o diretor conta a história de irmãs de uma família nobre que têm suas vidas despedaçadas pelo sofrimento, trazido pela descomunicação entre elas, pela doença terminal de uma delas, e pelo opressivo ambiente formal em que vivem. Com toda cenografia criada em tons de vermelho-sangue, esse filme, consegue transmitir a dor daquelas personagens, a dor de desejos não satisfeitos, de pulsões não eliminadas, de vontades que não podem ser realizadas, mas sim oprimidas. Dor e opressão, ou melhor, gritos e sussurros.
Persona situa-se em uma confluência de significados, entre os quais se encontram a metalinguagem, a arte como representação, a noção de realidade, a individualidade. Contudo, acima de todos esses temas, a discussão acerca da psique humana domina o filme do começo ao fim.
Bibi Andersson e Liv Ullmann, as atrizes preferidas de Ingmar Bergman, interpretam, respectivamente, Alma e Elizabeth Vogler. Elizabeth é uma atriz que surta durante a representação de Electra, e, a partir de então, se coloca em um estado de mudez absoluta. Ela é levada à uma clínica psiquiátrica para permanecer internada, onde conhece Alma, a enfermeira que a assiste. Percebendo que a internação não surte efeitos na condição de Vogler, sua médica sugere que ela e Alma se mudem para uma casa de praia. Então, é dado início a belíssimas seqüências dos monólogos de Alma, que, devido à mudez de Elizabeth, passa todo o tempo lhe contando suas histórias, apenas observando a expressão quase que imutável da outra.
A película mostra então a quebra desses papéis. Vogler larga sua máscara de paciente ouvinte e explode denunciando todos os seus próprios pecados, contando inclusive sobre uma orgia que participou e de um conseqüente aborto.
O embate entre as duas continua, Alma percebe que Elizabeth estava se divertindo ao ouvi-la se entregar com suas histórias todo aquele tempo em que permanecera em mudez. Alma se sente ofendida e usada, tratada como um objeto de experimento para a diversão de uma atriz muda. Então, Alma começa a denunciar todas as falhas e erros da personalidade e das ações de Vogler, como se a conhecesse há muito, mesmo a outra estando sempre muda.
O primeiro detalhe a ser tratado é quanto aos nomes presentes no filme. O primeiro deles é o próprio nome do filme, “persona”, que é o vocábulo que os gregos davam à máscara utilizada nos teatros antigos.
Bergman, ao escrever o roteiro, conhecia o significado da palavra latina Alma, o que mostra todo o detalhismo que o diretor trata sua obra, e deu esse nome à personagem de Bibi Anderson. Desse modo, qual o significado de darmos o nome Alma a uma personagem? Uma possível análise, responderia dizendo que essa personagem é a essência, o que pode ser visto pelos monólogos que ela faz durante todo o filme, tornando-a o motor principal das discussões que ocorrem na tela. Isso nos leva a uma idéia de auto reflexão, pois Alma sintetiza através de suas palavras seus sentimentos e vivências, um exercício fundamental e que leva o indivíduo a um conhecimento próprio, a trabalhar com a própria condição humana, com suas próprias características, com suas vontades, verdades, mentiras, dores e frustrações. Com isso, é curioso perceber a existência de uma troca de papéis, pois, a enfermeira se torna paciente – que é ouvida e avaliada por Vogler -, e a paciente se torna a médica analista.
É fundamental uma discussão sobre a personagem Vogler. A sua condição de atriz traz a história uma interessante reflexão acerca da arte. Ela cansou de atuar, ou seja, cansou de ser um não ser, e, por esse motivo, ela se impõe a mudez completa – algo que assassinaria, a priori, todo o lado de atriz que existisse em sua personalidade.
Mas não é isso que ocorre. O embate entre Alma e Elizabeth nos faz perceber que enquanto essa é atriz por profissão, aquela o é por vocação, por sua vida é atuar. Assim como gosta de pensar Bergman, a vida é uma atuação, é arte, ou seja, os limites da realidade com a ilusão, da verdade com a mentira, da criatura e do criador, são essencialmente tênues. Para comprovar a presença disso no enredo do filme, podemos muito bem tomar como exemplo as máscaras que ambas a personagens vestem, para esconder sua verdadeira face, o que todos fazemos, criando não só para os que nos vêem, mas também para nós mesmos, mentiras que se metamorfaseam em verdades indiscutíveis.
Podemos analisar Persona sob a luz da Teoria Jungiana. Como já dito, essa obra-prima de Bergman é um mergulho na psique humana, um levantamento de questões acerca da mente.
Lembremo-nos do significado da palavra “persona” para os gregos, ou seja, máscara. Dessa forma, persona é a máscara com a qual nos apresentamos ao mundo, ou seja, um complexo da personalidade.
A presença desse conceito no filme é bastante relevante. Elizabeth, na condição de atriz, se vê interpretando papéis e vivendo outras pessoas, outras personalidades. Isso causa um desgaste de sua persona, o que atinge seu ego e sua psique. Logo, quando ela se vê acuada e perdida, ela se emudece, se fecha em um mundo silencioso e introvertido.
O isolamento com Alma, que a acolhe e cuida dela, de nada adianta para a resolução desse problema. Vogler passa a nutrir-se da persona da enfermeira, como um fungo parasita. O ápice de toda essa dinâmica ocorre quando Elizabeth “engloba” Alma (em uma belíssima cena), momento em que percebemos que, apesar de toda a sua mudez, ela estivera sempre observando sua companheira muito atentamente, mais uma vez, como uma atriz analisando seu objeto de trabalho. Uma análise mais profunda indicaria que, a partir desse momento, existiria apenas uma pessoa, usando a mesma persona, fundidas.
Existem muitas interpretações da seqüência de abertura do filme, uma colagem modernista de imagens e sons, inclusive a psicanalítica, pois cada um pode atribuir um significado distinto ao que assiste, através de ferramentas, como, por exemplo, a livre associação de idéias.
Uma interessante interpretação é a que relaciona com o ciclo da vida. Nesse caso, o nascimento seria representado pelo inicio do funcionamento do projetor de cinema (o que coincide com toda a metalinguagem presente em outros elementos do filme). A extasiante imagem do garoto tocando o rosto de uma pessoa, na seqüência seguinte, representa muito bem uma metáfora para o encontro de uma identidade, pois no filme Bergman muitas vezes usa as mãos e o rosto com símbolos de identidade humana.
Algo que também deve ser ressaltado que geralmente passa despercebido é a escolha da médica de Vogler de mandá-la para uma casa de praia, privando a da internação em um sanatório. Essa decisão, fazendo um paralelo com a realidade atual, foi influenciada por um modo de pensar que é o mesmo que norteia a Reforma Psiquiátrica, movimento o qual tem ganho muita força e representatividade tanto no Brasil quanto no mundo.
Ao ver o estado psicoemocional de Elizabeth, a média deve ter ponderado acerca dos benefícios que a paciente teria se fosse deslocada para o convívio normal em uma casa de praia, valorizando e reintegração do individuo – no caso o paciente que surtou – à sociedade; exatamente como é feito com Vogler.
A análise cinematográfica se mostra extremamente rica quando consegue realizar a leitura completa de um filme, ou seja, quanto consegue ler o texto que se passa por debaixo de cada imagem exibida na tela branca.
São muitos os filmes que possuem enredos dotados de temos ligados à psicologia. Poderiamos citar um clássico do Cinema Americano, Que terá acontecido com Baby Jane?, de Robert Aldrich, que aborda as motivações da rivalidade, a agressividade, os limites do amor em relações familiares, dentre outros temas.
Dessa forma, é extremamente importante salientar que a análise de Persona fundamenta-se, como já dito, na Psicologia, e com mais propriedade ainda, na Psicologia da Personalidade, por tratar não só de temas pertencentes a esse assunto, mas por tê-los como fundamentais para a dinâmica fílmica, tanto do enredo quanto da própria estética cinematográfica. Portanto, faz-se mister afirmar que para que o espectador possa realizar uma boa leitura do filme, para que ele possa realmente apreciar os detalhes e as sutilezas contidas em filmes do gênero de Persona, para que ele valorize cada nuance da obra, é necessário uma certa dose de análise psicológica.
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Cavernas sobre os olhos noturnos
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Antes do Sono Chegar
Atado, preso, espremido, comprimido, recluso, amarrado, atarraxado, aprisionado. Tolhido.
Preocupações, preocupações, preocupações.
Coisa indeFinidas, indefnIdas, indefiNidas.
Quero que passe.
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