sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Política na Balada

Remontamos a Foucault, a Giddens e, haha, até mesmo às loucas que queimaram soutiens um dia, para perceber que tudo é político. E, o que eu mais tenho feito nesses últimos dias é praticar a bela arte da análise do discurso. Nesse sentido, e aproveitando meu ânimo, trago aqui uma breve análise de toda a politicidade presente no pop atual.


Comecemos com Beyoncé. 
Como um bom neoliberal, eu a classificaria como perigosíssima. Vejamos os primeiros versos de um de seus primeiros sucessos, Irreplaceble:

To the left, to the left
To the left, to the left
To the left, to the left


Ora, fica explícito aqui a propaganda subliminar na qual a cantora declara seu apoio a formas de governos esquerdistas. E, ao repetir isso inúmeras vezes durante menos de quatro minutos, Beyoncé realiza uma lavagem cerebral vermelha em seus fãs. E, como se não bastasse, ela continua sua balada revolucionária:

To the left, to the left
Everything you own in the box to the left


Nesse trecho, é visível a idéia de desapropriação da propriedade privada, realizado pelo Estado dominado pelas forças do proletário. Tudo que te pertence, numa caixa, para a esquerda. E quem é a esquerda? Fica a dica.

A música atinge seu auge ao enveredar pela filosofia marxista da modernidade. Vejamos:

I will have another you by tomorrow
So don't you ever for a second get to thinking
Your irreplaceable


Explicita-se aqui a transformação do ser humano em mercadoria. Indivíduos se vendendo e se comprando, como bem reza Marx. Beyoncé, dona dos meios de produção, não se deixa enganar pelos homens, pequenas peças de todo um sistema de produção. Se algum não lhe interessa mais, ela o joga fora e o substitui. Fetichismo capitalista!

Como bem sabemos, o mundo da música espelha o dissenso acadêmico a respeito das posições políticas. Nesse sentido, Gwen Stefani adota uma postura normativa muito mais direitista do que sua colega Beyoncé. Basta citar o nome de um de seus maiores sucessos, The Sweet Escape, com seu principal verso, If I could scape, no qual a cantora faz uma referência direta ao tempo em que morou em Cuba.

Podemos partir para a análise dos versos da cantora mais fértil de todo o mundo pop atual. Britney Spears. 
É visível que em toda a sua discografia, Britney tem estabelecido um bom nível de diálogo a respeito de questões muito interessantes. Desde I'm a Slave for You (música na qual, inclusive, a cantora faz um ode ao escravismo neocolonial, se comparando a uma escrava) e Hit me Baby One More Time, observamos tendências submissas, e, inclusive deveras machistas nas letras de Britney, que afirma gostar de se submeter a poder fálico. Vale ressaltar, que a crítica ficou desconcertada com o lançamento de Womanizer, mês passado, no sentido de que considerou tal mudança de postura política um amadurecimento do pensamento de Spears que, de vez, parece ter adotado preceitos feministas.
Peguemos agora o seu penúltimo álbum: Blackout, que é de fato um arcabouço riquíssimo do mais refinado pensamento político de Britney. Comecemos com Hot as Ice, música que combina uma elaborada letra com uma melodia belíssima de altos-e-baixos.

Cold as fire baby, hot as ice
If you've ever been to heaven, this is twice as nice
I'm cold as fire baby, hot as ice
If you've ever been to heaven, this is twice as nice


É perceptível aqui uma referência de Spears ao determinismo geográfico novecentista. A teoria que explciava o desenvolvimento de nações do norte versus as do sul, com base em critérios climáticos, parece ter muito influenciado a cantora. Nos versos acima, Britney, nascida na maior potência do século XX, um país do norte, de clima temperado, compara seu lugar de origem ao de uma outra pessoa, a qual ela convida a conhecer seu país, dizendo ser lá duas vezes mais legal.

Já em Break the Ice, Britney se aventura por outras praças. Aqui é fato uma apologia subliminar ao movimento da Glassnost russa, ao fim da Guerra Fria. Tal movimento encarnou o espírito da abertura cultural, política e econômica da ex-URSS. Spears parece ter muito a dizer a respeito de tal processo.

Ainda em Blackout, Britney retoma uma linha que havia abandonado desde I'm not a Girl Not Yet a Woman, em Piece of Me. Em ambas as músicas percebemos uma forte influência pós-moderna em suas letras. Na primeira, Spears se sente pressionada ao ter que se enquadrar em padrões (garota ou mulher?) impostos pela sociedade moderna. Já em Piece of Me, seguindo a mesma tendência de forma brilhante, Spears faz uma referência à fragmentação do homem que, diante do auge do cientificismo, da modernidade e do racionalismo reinante, parece se perder em meio a tantos rótulos.


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Conselho de Conselheiro

Competitividade? Vou usar ao meu favor.
Que se foda: vou passar nessa porra.

Faz exatamente Três Anos

E, agora, mais intensa e verdadeiramente do que nunca, sinto muito medo. Muito medo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sobre estagiários

Tiê diz:
LIPE LIPE LIPE LIPE !
Pi diz:
ah
ah
ah
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tiê diz:
LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIPE !
ai, haoijgoimbidrboengowrbp
Pi diz:
kkkkkkkkkkkk
no ipea
Tiê diz:
na minha própria sala ! 
*La Usurpadora*
Pi diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tiê diz:
deixa eu ir embora pq vai cair um toró
senão fico ilhado aqui no ipea

Incrível perceber como o dia mais diplomático da minha vida se transformou um uma noite de litígios e exaltações descontroladas e não-pensadas. Incrível.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Minha frase preferida

Em resposta ao último post, minha frase preferida nos últimos tempos:


"Vamu mobilizá as pessoas, cara! Vamu mobilizá as pessoas!"

Mercado Liberal-democrático

Muito já se tem discutido acerca do domínio capitalista sobre o mercado. especificamente sobre o mercado cultural. Nos últimos dias tenho pensado bastante sobre - tanto por leituras que me põem e discutir, quanto por incentivos de pessoas próximas com posicionamentos muito divergentes dos meus (já disse pra mim mesmo que não serei amigo de marxistas, porra!).


Veio-me a mente uma idéia que julguei a priori interessante. Ver o mercado não apenas como liberal, mas também extremamente democrático - no sentido mais númerico que tal palavra possa adquirir. Agora vejo com muita clareza a assertiva "o mercado dá o que querem"
Lembrei-me da sacada genial que o SBT teve em "produzir" a continuidade para o programa Astros, mesmo sem os direitos da franquia - adquirida pela Record. Em linhas gerais, eles elaboraram um novo programa, que passou a se chamar Astros após uma votação dos telespectadores, que é descaradamente uma cópia do original. Mas não fica só nisso. É perceptível o quanto eles se preocuparam para fazer com que o novo programa sintetisasse apenas o melhor do original. 
Todos sabemos que o melhor dos programas de calouros musicas, em suas inúmeras vesões, são os piores calouros - os que pior cantam, os mais cômicos ou os mais loucos que tenham a coragem de lá aparecer. Ou seja, o novo formato do SBT deu o que se queria ver. 
Sei que isso parece boçal e repetitivo, mas o grande lance é essa faculdade do mercado de não ser apenas liberal -no sentido de livre e acessível - mas também democrático, pois atende os interesses sempre da maioria das pessoas. 
Quanto à legitimidade disso - em termos normativos - já é outra história. Realmente dá preguiça a falta de um bom circuito alternativo de cinema em Goiânia, de programas de qualidade na televisão brasileira e de inúmeras outras coisas que não girem em torno do lucro ou da satisfação da maioria do povo. Mas fazer o quê se fazemos parte da minoria?

Omar Rodriguez-Lopez e a Produtividade

Omar Rodriguez-Lopez é o principal integrante de The Mars Volta. Entenda "principal" como "pessoa que pensa e produz". Se The Mars Volta fosse The Pussycat Dolls, Omar seria Nicole, e todos os outros instrumentistas, aquelas putinhas loucas que ficam gemendo e rebolando atrás dela. Mais ou menos isso. 


[Exemplo pésimo. Até parece que Nicole pensa e produz algo]

Ou seja, se The Mars Volta fosse Calypso, Omar seia Joelma. Se fosse N'sync, Justin. Se fosse Destiny's Child, Beyoncé. Se fosse Sandy e Junior, Sandy. 

[Melhorou]

Fazendo uma pesquisinha sobre como ele tem andado, já que não me liga desde minha última ida à California, descobri que ele anda muito produtivo. Descobri que o último álbum dele que cheguei a ouvir, Se Dice Bufalo, No Bisonte, de 2007. Depois disse, ele ainda lançou mais dois álbuns no mesmo ano, e já mais outros dois em 2008. 

MEDO.

Seria Omar o novo Habermas? Seria talvez o novo Fasbinder?




Minha orientadora petulante me ensinou que referência bibliográfica é tudo na carreira da modelo em ascenção. Então, aí vai:
[Como se meus leitores não soubessem pesquisar nomes de bandas na Wikipedia...]

sábado, 27 de setembro de 2008

Repetindo

Em referência ao último post da Lyanna,


Por que cargas d’água anda todo mundo tão triste?

Em prosseguimento a...

isso:



Consegui sintetizar melhor minha concepção acerca dos Direitos Humanos. (odeio essa expressão, faço uso dela por mera convenção)

Ao contrário dos mais radicais defensores dos DH, não acho que esses sejam oriundos da natureza humana. Como disse no post antigo, essa discussão é ridícula; a expressão natureza humana é hilária. Nesse sentido, considero que, assim como os culturalistas ou até mesmo os radicais pós-modernos, os DH são manifestações de uma cultura a parte. Acontece que isso não é um argumento normativo que impeça a promoção dos mesmos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Acho que esse blog virou fachada. O que acontece nos bastidores é muito mais legal! Nem te conto!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Estou com uma mania INSUPORTÁVEL de ficar imaginando as vozes e as caras das pessoas ao escreverem legendas das fotos que colocam no Orkut. E é tão pejorativo! Rsrs

sábado, 6 de setembro de 2008

Tempo e Branco

A sensação que fica ao rever fotos de um passado mezzo distante é de que as coisas eram tão mais felizes. E a palavra é essa mesmo, felizes. Não é uma tentativa de pôr tudo abaixo, mas sim uma constatação. Não sei se pelas dificuldades sempre incorrentes da vida, se pelas frustrações, pelas peças que vão - aos poucos - se destacando de cada um de nós - e de todos ao mesmo tempo. Sei que os sorrisos de antes me pareciam mais sorrisos, e, hoje, as fotos esbranquiçadas são, mesmo assim e exatamente por isso, as que mais doem.
Não sei se era pela levianidade daqueles tempos, se é que éramos mais levianos que hoje. A dureza às vezes parece nos ter atingido. Temos descrença com coisas com as quais antes éramos solícitos, temos personalidades duras já muito moldadas, temos caminhos de metas encaminhados que unem o que quisemos e o que seremos, lado a lado.
É, sim, o processo natural das coisas, mas isso não me faz esquecer da leveza, da graça de antes. Hoje, hoje eu vejo coisas por trás de olhos de fotos. Estamos nos tornando adultos.

http://www.orkut.com.br/AlbumZoom.aspx?uid=12038976100176994287&aid=1201517426&pid=1201626069916#pid=1201626069916

http://www.orkut.com.br/AlbumZoom.aspx?uid=12038976100176994287&pid=1201626133441&aid=1201517426#pid=1201626133441

http://www.orkut.com.br/AlbumZoom.aspx?uid=8287119525889452233&aid=1220334862&pid=1220360133721#pid=1220360133721

http://www.orkut.com.br/AlbumZoom.aspx?uid=12038976100176994287&pid=1201627797284&aid=1201517426#pid=1201627797284

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido."

Sérgio Buarque de Hollanda, em Raízes do Brasil.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Hoje me dei conta do tanto que me tornei pessimista nos últimos tempos.

Planos

1.Voltar a ler Shakespeare.
2.Melhorar minha performace quando contralto.
3.Recuperar-me financeiramente.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Speaking their names, they shake the flag
Waking the earth, it lifts and lags
We see a thousand rooms to rest
Helping us taste the bite of death
I know, I know my time has passed
I'm not so young, I'm not so fast
I tremble with the nervous thought
Of having been, at last, forgot

Sufjan Stevens, Come on Feel the Illinoise

"I wish I had an enemy just to have someone in mind to whom I could focus all my anger and all my willing of being a bad, bad person. Because that, in fact, is what I am."

Alan Peterson, The Night of All Ghosts

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

UnB? Pra quê?

Depois de 2 anos estudando REL descobri minha vocação assistindo Superpop.
Quero ser redator de revista de fofoca.
Inventar notícias sobre subcelebridades deve ser a melhor coisa do mundo.
Já tô até vendo.

Mulher melancia mostra a bunda em frente a Embaixada da Argentina em protesto contra o fracasso da Rodada Doha.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Para Lyanna (ou Como minha cabeça funciona às vezes, só às vezes)

Um amigo comentou comigo sobre um concurso de literatura. O 19º Concurso de Contos Paulo Leminski, da UNOESTE. Daqueles que eu morro de preguiça de participar. E, sim, também morro de medo de ficar em último lugar.

Entrei no site do tal concurso. A mérito de curiosidade, cliquei na seção Anteriores e dei uma olhada nos vencedores dos anos anteriores. O vencedor do ano passado foi um conto entitulado Batalha Pacífica.
Poderia haver título mais boçal? Imagino o autor acordando um belo dia e pensando "vou escrever um conto!", e, mais tarde, "noossa! Vou colocar um paradoxo no título!". Aproveito a oportunidade para esclarecer o meu ódio a falta de sensibilidade em literatura. Puta merda, tipo, se toca, esse título é ridículo! O uso de paradoxos em títulos, para criar uma metáfora riquíssima e blablabla, passou de sacada genial para moda e para cliché primário e depois para cliché absoluto em exatamente quatro segundos após a primeira pessoa ter tido essa idéia! Nem mesmo Nora Roberts ou Danielle Steel fazem isso mais!


Vou participar do concurso. Já comecei a escrever um novo conto. É uma história de amor, como sempre. Ainda estou decidindo o título. Estou em dúvida entre "Amores Odiosos" ou "Vida Mortal". Me ajudem.

No site do concurso ainda há uma lista dos vencedores das Menções de Honrosas. Adivinhem como se chama o primeiro deles? Dica: a autora é uma professora de uma faculdade de letras. O título de seu maravilhoso conto que levou menção honrosa desbancando seus bravos concorrentes foi O Poder do Livro.
Imagino que ela deve publicar uma série de contos seguindo essa linha mias política mesmo. Os outros títulos seriam O Poder do Amor, O Poder da Paz, O Poder do Bem, O Poder da Vida... Riquíssimo.

Me poupe de tanta professoras prezárias - conceito meu e da Lyanna - que fazem letras metidas a politicamente corretas. É sempre a mesma coisa: mulher em torno dos 23, 24 anos, sempre de estatura mediana, que costuma usar calça jeans e tênis branco, óculos, cabelos presos e adora Cecília Meirelles e Vinícus de Moraes. Me poupe. E nem vem reclamar que eu estou falando sem propriedade ou conhecimento de causa. A Lyanna é minha fonte de informações pela qual extraio minha base empírica sobre os assuntos do "pessoal de letras".
Não bastasse isso, fui - realmente - pesquisar no google who the hell era essa mulher. E, voilà! Encontrei inúmeros títulos que ela já publicou! Os nomes das principais obras primas:
Ritual dos Anjos e Mensagens das Flores!

ps.: o nono lugar a receber menção honrosa foi um conto cujo título era Cemitério - O início de uma nova vida. eu espero que seja puramente espírita, por que se não for, o autor também é daqueles que aposta num paradoxozinho légau no título pra enfeitar!