Fiquei a recordar por um bom tempo, e isso já faz um bom tempo, o tempo em que eu me mudei para Brasília, ou melhor, o tempo em que se iniciou o tempo do Pi morando sozinho. Não foi uma recordação entusiasmada, tampouco pesarosa. Foi saudosista, num sentido difícil de ser descrito. Parece-me que apenas nos dias de hoje eu consigo ver que tempo bom foi aquele, no sentido de que foi difícil. Não me refiro aqui aos frutos da liberdade de estar sozinho em uma cidade desconhecida. Me refiro às dificuldades e à própria construção de uma realidade nova. Que puta peso hoje eu consigo atribuir àquilo tudo! Não foi uma época feliz, de maneira alguma, mas foram seis meses de uma experimentação muito pura, cujos rumos indeterminados determinavam o passar das horas, sob a luz incandescente do meu quarto. Chegar em casa sempre às seis da tarde, logo ao anoitecer, arrumar algo para comer, me distrair com uma insuportável televisão de péssima imagem e com surpreendente poder de alívio, a quadra comercial pacata, o Danilo que não chega do trabalho antes das Dez e Vinte, o dia seguinte e o tempo passando sem eu ter lido os textos das próximas aulas, a saudade dos meus amigos que ficaram, a falta de um computador, o telefone público e o interurbano que me punham de pé e que me alimentavam. Que saudade imensa.
terça-feira, 29 de abril de 2008
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2 comentários:
Saudade de quando foram todos e eu pensei que não seria a mesma, e tive certeza disso também. E pensei que queria morrer, e tive certeza disso tasmbém. Aí me convenci da fortaleza, e tive certeza disso também. Aí me convenci do abandono, quase certeza. Mudanças e reconciliações. Agora entendo o que o beto disse, a distância não separa. ;)
saudosimo... putamerda. tou velho e choroso, juro. tipo foi viagem demais lembrar disso e fazer a imagem, vc nem imagina...
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