Há dias quero postar algo aqui. Mas nada me vem a mente. Penso que para redigir é preciso, a priori, pensar. Ou pelo menos para redigir o que eu gostaria de redigir é preciso pensar para, pelo menos, ter algo a desenvolver na escrita. Não há sentido algum em sentar e deixar fluir livremente os dedinhos quando na verdade o que se quer é desenvolver algo. Estou tentando fazer isso aqui agora. Right now. Percebi que não tenho conseguido escrever nada nesse sentido aqui, e, o que me dá medo, é que talvez seja porque não tenho pensado muito ultimamente.
Lendo o blog da Ly agora há pouco, pensava(!) em como ela chegou a conceber o último post. Eu com a minha pala imagética louca a tira-colo, a vi deitada na cama, fumando um cigarro, com o cenho levemente franzido, olhando pra janela observando um temporal caindo lá fora (dizem que está chuvendo horrores em Goiânia...)
Ademais, tenho me apaixonado por alguns textos bem escritos, aqueles que dançam com uma fluidez invejável e com um trato distinto de concepção e desenvolvimento argumentativo. "Quero escrever desse jeito", penso enquanto leio telegramas de Baku, Astana ou Windhoek.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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domingo, 25 de outubro de 2009
Pessoa A versus Pessoa B
A Pessoa A entra no recinto. Pisando com seu tamanquinho de madeira, incrivelmente irritante. Toc toc. Não, não era a porta. Era o tamanco. Toc toc. Agora era a porta. A Pessoa A se dirigiu à porta, toc toc, agora era o tamanco, pegou a maçaneta dourada descascada, e por isso feia, e abriu, nrheiu nrheiu, rangeu o metal. Do outro lado, a Pessoa B piscou o olho esquerdo silenciosamente, psc, ops, silenciosamente. Ela entrou no recinto, scip scip, arrastando seu chinelo, e sentou-se no sofá, puff. O sofá era de couro, então ele deve ter rangido, ruihn. A Pessoa A atravessou o recinto, toc toc, agora era o tamanco, toc toc, ainda o tamando, toc toc, tamanco de novo, parou e se virou para a Pessoa B, toc toc, mais uma vez o tamanco, e pronunciou-se: Você é uma pessoa muito mesquinha, senhor B. Toc toc, há! não era o tamanco!, era a porta! Toc toc, a Pessoa A se dirigiu à porta, toc toc, tamanco de novo, e a abriu, nrheiu nrheiu, mas não havia ninguém. A Pessoa B se ergueu do sofá, ffup, e se dirigiu ao canto do recindo, scip scip, local onde fora depositado o berço do Pequeno Pônei. Não se aproxime!, inteviu a Pessoa A, toc toc toc toc toc toc, o tamanco correu até a Pessoa B, já no canto do recinto. A mão se ergueu no ar e agarrou, sem amor, o ombro da Pessoa B, puxando-o para traz. Tudo isso muito vagarosamente. A Pessoa B, ou sentir seu ombro sendo puxado para trás, pensou que talvez sentisse um pouco de dor, devido a um ferimento relativamente grave que tivera duas semanas atrás. Apesar desse já estar curado, não se pode confiar nas dores do corpo humano, não é mesmo? Mas, de qualquer forma, a Pessoa B não sentiu nada além do toque dos dedos alongados da Pessoa A pressionando a carne ombral. A Pessoa B pensou que talvez fosse interessante dirigir já um olhar crucinante à Pessoa A, para que quando chegasse a ficar de frente a ela aparentasse nervoso e, consequentemente, perigoso. No entanto, o máximo que conseguiu projetar foi um cenho franzido, que nada mais denotava além de rugas. Enquanto tinha seu ombro puxado para trás, pensava em quão finos eram os dedos da Pessoa A. Quando conhecera ela, há 23 anos atrás, não havia percebido isso! Para todos os efeitos, isso era pelo menos um bom sinal, pelo menos um bom sinal de que a Pessoa A não tinha problemas cardíacos, pois, como dizem alguns, inchaço é sintoma.
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Queria ter alguma novidade, mas não há qualquer sombra de inspiração para que eu possa criar uma.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Eu sou uma pessoa legal, não sou? Falem a verdade. Me incomodo horrores em pensar que, quando estou inserido em um ambiente com pessoas desconhecidas, que se movimentam em uma cadência muito bem estruturada, e que exigem de mim alguma coisa qualquer, me sinto observado, medido e comparado. Fenômenos impossíveis de serem empreitados em qualquer ocasião social. Sinceramente o que mais me incomoda, é que sou incrivelmente tímido nessas situações, o que faz com que se perca muito de mim mesmo. É difícil evitar isso. Visto um personagenzinho com uma roupa de plástico que protege do mundo lá fora, calculo passos e posições dos cotovelos na mesa, miro olhares com cuidado, me movimento apenas quando o puder fazer com segurança. O resultado: tragédia. Não tem jeito. Tenho percebido que esse é o pior caminho. E, após ser surpreendido por uma gafe considerável num ambiente social como esse que descrevi, o melhor a fazer, e o que mais tenho força pra fazer, é chutar a roupinha de plástico. Chutar o balde inteiro, só pra ver o que acontece, já que o outro caminho não deu certo. Já passei vergonha mesmo, o que tenho a perder agora? Vou virar um tagarela (na medida do que eu aguendo tagarelar), um palpiteiro e vou deixar de lado essa vergonha que, na verdade, nada mais é do fraqueza.
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terça-feira, 18 de agosto de 2009
Reformas
É curioso o tanto que o processo de remontagem e diagramação do blog se mostra quase como um processo de constituição individual, no sentido do construtivismo social. Pelo menos umas três vezes por semestre, me canso completamente do layout (o que geralmente coincide com períodos de esquecimento da existência desse). Depois de pelo menos uma semana ensaiando modificá-lo, começo a perambular pelos blog dos amigos e notar cada detalhe das suas páginas, quase que me perguntando porquê cada um deles desenhos-os daquela maneira. Aí, começo a me sentir um pouco perdido. Passo a traçar, mentalmente, como eu "gostaria" que meu blog ficasse. Rechaço pelo menos uns quatro modelos toda vez, sob o argumento de que não combina com o que a cara que eu gostaria que o depósito do que eu penso no momento tivesse.
A partir disso, conclusões rogam ser elucidadas:
Blog da Tati com seu layout ainda em construção, encargo depositado nas mãos da Lyanna, percebe-se que Tatiane Santana Pereira não tem pesonalidade suficiente para diagramar sua própria página. E, para além disso, que ela paga-pau para a amiga;
Blog da Lyanna perfeitinho, limpinho, coerentezinho, rs. Mas vai ler os posts pra ver o que acontece...
Blog do Beto meio que do nada, ele decide fazer um blog com um layout qualquer. E, meio que do nada, há!, o layout permanece o mesmo até hoje, sustentando seu índice de produtividade alucinante; mais de 300 posts e menos de 3 anos;
Blog do Cazarim incompreensível do começo ao fim. O que faz com que, logicamente, o layout não rogue comentários.
Dessa vez, não conseguia por nada nesse mundo bolar, sequer mentalmente, um layout que me satisfazesse, ainda mais com meus conhecimentos limitados de HTML. Fiquei quase duas semanas deixando o blog capenga, com o título torto, imagens desconcertadas, combanações horrorsas de cores. Enfim, consegui algo que parece suficiente, mesmo que simples.
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Campanha-para-a-aTati-não-fechar-o-blog
Vamos mobilizá as pessoas! Vamo lá! A revolução tá aí!
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Sobre reencontros
Vontade imensa de ficar abraçadinho um tempão! E o acúmulo de novidades - caralho, como pode tanta coisa acontecer em um mês! - agonia! Ficar num café sentado, fumando e conversando horrores, até a língua rachar de secura no inverno brasiliense, sangrar e cair dura no chão.
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Eu quero tanto que todos fiquem bem. Que daqui há alguns poucos anos a gente se olhe e veja como tudo está direitinho, no lugar, nossas vidas acertadas, com uma sensação, que dure um segundo, que seja, de que já cumprimos muito que agora jaz pra trás. Bebamos um copo de água, sentemos e esperemos.
Bebamos chá em xícaras de porcelana colorida na sacada da casa de um de nós, numa manhã de domingo, meio nublada, e obviamente bonita, todos juntos, farfalhando o jornal, comentando amenidades, ouvino um jazz, saboreando a geléia, talvez um pouco de mel, todos juntos, sentido a leve brisa fria, com aquele ar de recém-acordar que parece deixar as pessoas mais bonitas, mais próximas umas das outras, mais nuas e entregues à total devoção aos que vêem. Eu quero tanto que todos fiquem bem.
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Tempo e Sorrisos
Tenho tentado várias coisas. De um turbilhão que passa pela minha cabeça como um Halley (que ainda hei de ver, rs), tenho tentado deixá-las todas de lado. Concentração tem sido muito exigida. Me distraio por algumas dezenas de minutos e, olha lá!, eu preocupado e ansioso, mais uma vez, com algo. Tenho tentado pensar, há muito, que é apenas parar um pouco e me concentrar. Talvez descer e ir fumar com um bom copo de café na Esplanada, observando as bandeiras silenciosas, mas imponentes (como o bem já dizia), e o Palácio do Itamaraty, principalmente por volta das seis horas, horário em que, o Sol ainda deita na terra sombras enormes e as luzes desse prédio já estão acesas, como se quisessem criar algo no imaginário da cidade. Sentir a brisa constante da cidade, a secura do tempo, o ir-e-vir das pessoas. Ou então, talvez, chegar em casa e saber que há um filme esperando para ser assistido, um resto de coca que queria ser compartilhado mas será bebido só por mim, por enquanto. Tenho tentado guardar pequenos gestos diários que parecem me fazer mais leve. O Mann tem me distraído, descobri uma tara por livros imensos e que parecem nunca terminar, e que te fazem sentir como que envelhecendo ao passar das páginas junto com os personagens.
Acho que nunca havia sentido tanta ansiedade oriunda de todos os lados da minha vida. Aí, por incrível que pareça, o que mais me diverte é tentar remeter a uma sensação de eterna pequenez. Como se o tempo conseguisse esmagar tudo isso, de uma só vez. Contei há poucos dias a um amigo de uma peripércia infantil que realizei. Um dos dias mais difíceis da minha infência, daqueles que parecem que nunca vão acabar. Subi no telhado do meu prédio, mãe e pai descobriram, chegaram em casa pro almoço e me esfolaram com mão e palavras. Tapa, surra, castigo. Juro que se soubesse, naquele dia, que, num futuro não muito distante escreveria sobre isso aqui, com esse tom em específico, daria um pequeno sorriso com o canto da boca, de prenúncio, apenas. Fico pensando se ainda posso pensar dessa forma hoje, como que vislumbrando um pequeno futuro de calmaria, em que, crises e ânsias de agora, seriam sorrisos de canto de boca. A conclusão que me vem é que talvez nunca deixemos de ser crianças, pois o tempo está sempre a um passo a frente. De qualquer forma, anseio pela calmaria. Não peço nada demais; mas é que às vezes parece tão difícil chegar lá. Tenho tentado muitas coisas, e de muitas espero retorno.
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sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Combinato nº247
Farfalhou as folhas de papel almaço a procura de alguma inspiração mas nada encontrou apesar da poeira acumulada na ponta dos dedos. Marrom. Sentava na cadeira entediado, à procura de uma inspiração, precisava escrever algo, duas linhas que fossem! Mirava nas páginas percorrendo linhas-letras e tinta mas parecia que, na verdade, estava a olhar para a lente do próprio óculos, sem nada ver a frente. Se divertia com o reflexo disforme no vidrinho. Farfalhou as folhas de poeira entediado à procura de uma inspiração. Verde, que fosse uma inspiração verde. Entediava a cadeira, à procura de uma inspiração, precisava de duas linhas, que fosse! Mirava nas linhas-letras percorrendo páginas e tinta mas parecia que, na verdade, estava a olhar a frente da própria lente. Se divertia com o reflexo. Procurou uma inspiração farfalhada em meio às folhas de papel almaço, mas encontrou cinzas. Poeira. À procura de uma inspiração, entediado para escrever algo, duas linhas que fossem! As linhas-letras miravam nas páginas de tinta mas, na verdade, parecia que olhavam para elas mesmas, percorrendo umas-às-outras, sem ver nada a frente. Se divertiam com seus reflexos disformes. As folhas farfalharam procurando algum dedo, mas só encontraram poeira. O dedo estava disfarçado, escondido: não o perceberam. Marrom e cor-de-pele. As folhas precisavam de duas linhas para preenchê-las, que fosse! Miravam a tinta e pensavam em linhas-letras percorrendo a pauta, como se fizessem algum sentido, mas, na verdade, se faziam sem nada ver a frente. À procura de uma inspiração, se divertiam.
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terça-feira, 28 de julho de 2009
Não ser e o Não querer ser
Vontade de distinção dá pontadas. E o pior: por todos os lados.
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
O Estado das Coisas
De repente, sinto um asco, meio que conclusivo, de como as coisas tem se encaminhado. Asco desse semestre em que eu assisti, sentado no meu sofá em média umas 6 horas por dia, quasi inutilidades se tornarem obrigações indesejadas e cotidianas, que me distraíam - da mesma forma que a TV tentava fazer - do que eu realmente queria estar fazendo, mesmo sem que eu mesmo soubesse exatamente o que era - apenas por partes. Asco dos compromissos me prendendo a uma rotina de agonia e correria. Asco de todas as convivências forçadas, tentando me arrancar da boca palavras pra mim indesejadas que nada mais fazem do que mascarar um "de nada importa". Asco da desorganização que, de uma hora pra outra, se fez disso tudo que antes era tão everything-in-its-right-place.
Tem dias que eu acordo sentindo que tudo está voltando, aos poucos, ao lugar. Depois de uns dois meses percebendo isso, e, não encontrando padrão algum além dá própria instabilidade entrópica, a descença me acomenteu no sentido de que qualquer que sejam esses momentos em que eu paro e de relance sinto que as coisas serão postas no lugar, sejam apenas vislumbres distantes de uma vontade de estabilidade, de apego, de referência. Vontade de potência. De sanidade.
Ando cansado. É é o tipo de canseira que eu rezo para que julho lave e deixe tudo brilhando, novo. Ando cansado das discussões que a nada levam, e, mais ainda, das que sequer discussões são. Tenho tentado, muito, achar refúgio. Mudei meu quarto diversas vezes, viagei pra Goiânia, abracei meus amigos, tentei voltar a ler literatura, fumei todos os cigarros da praça, bebi todas as garrafas estocadas na despensa, tentei ouvir música, tentei ficar no silêncio, tentei escrever, tentei rasgar meus textos e livros. Mas o que importa é que eu apenas tentei. E nada, absolutamente nada, se fez. Não é que eu não tenha força para parar a locomotiva. Eu não tenho é coragem.
Ao fim de tudo, fico me perguntando de que forma cheguei a ser isso que estou vivendo. Nunca fui assim, nem mesmo sequer me vi alguma vez assim. Sinto saudade da calmaria das retas traçadas e da possibilidade e da vontade de traçá-las, por mais toscas que essas me soem agora. Sinto saudades, cada vez maior, de uma certa infantilidade que vivíamos, da leveza que essa nos dava, do riso constante e da noção de companhia etérna. Sinto saudades de não ser tão livre quanto sou hoje e sinto saudades do tempo que nunca houve em que eu era, por tudo, livre. Sinto saudades do tempo em que eu reclamava do gosto da água e isso parecia fazer sentido.
Será isso tudo uma emboscada?
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Allors, qu'est que il y a?
On a dit que le grand finale se approche. Et ça c'est tout.
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domingo, 10 de maio de 2009
Vida em Cartaz
Como eu já havia dito antes aqui:
"(...)E principalmente a vida vista de fora, como um filme em cartaz nos cinemas, de forma que todos possam ler o que se passou. Essa idéia me dói muito."
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O Malabarista
Ele estava deitado em um divã. Em uma sala escura e confortável. Lá havia um pianinho de teclas tortas e trocadas, tacos de madeira compondo o piso e um lustre de bronze sobre sua cabeça.
Ele tinha bolinhas coloridas nas mãos. Três, claro. Uma vermelha, uma azul e a outra verde. Em pé lado da cabeceira do divã no qual estava deitado, havia um homem com um arco e flechas nas mãos. Ele mirava em um determinado ponto na parede e o acertava em cheio sempre disparando a flecha em extrema sincronia com as palavras que lhe saiam da boca. Dizia “Eu penso que...” e lá ia a flechinha roxa voando e atingindo exatamente onde ele desejava. Ele dizia “Eu digo que...” e lá ia a flechinha rosa voando e atingindo exatamente onde ele desejava.
Conversavam. Um atirando flechas o outro jogando as três bolas ao ar, malabaristicamente, fazendo com que elas voltassem sempre à suas mãos sem se prender em nenhum outro lugar. Sim, elas sempre voltavam ao lugar de onde partiram: suas mãos.
“Que lindo é o ato de fazer malabarismos, não?”, o das flechas perguntou, e a flechinha preta atingiu exatamente um ponto marcado na madeira da parede do recinto.
“Sim, é lindo. As bolas, que são expressões cabais da nossa natureza complexa, atravessam, por um impulso epifânico gerado pelo pensamento do agir das mãos, o ar, que nada mais é do que algo que passa, assim como tudo que há entre nossas mãos e nossos seres, recheadas de muito que apenas se expressam pelos gestos, que nada mais são do que tudo que há após a existência ter sido gesticulada por si mesma...”, ênfase nas reticências.
As bolas faziam movimentos gelatinosos, triangulares e escorregadios. Desviavam de obstáculos invisíveis para atingirem alvos nunca determinados, acabando assim construir caminhos nada perceptíveis, durante sua travessia no ar, sobre as mãos dele.
“É difícil fazer isso com as bolas?”
“Não, não é difícil. Eu estou acostumado. Na verdade eu preciso disso, não sei viver sem fazer outra coisa. Ou melhor, não sei fazer outra coisa, por enquanto, do que viver ser fazer isso. Quando as pego em minhas mãos, sinto o seu toque, eu percebo que posso mudar as sua cor assim quando sentir vontade, ou melhor, assim quando perceber que é necessário para que elas não caiam no chão e se espatifem, pateticamente, em mil pedaços talhados.”
E então, a pergunta crucial.
“Posso pegar uma delas?”
Ele olhou para o homem, em pé ao lado de sua cabeça. E fez isso sem interromper o seu malabarismo interminável, que teve triunfante continuidade quando ele tornou a abrir a boca.
“Claro que você pode pegar uma delas”, disse isso e ficou parado, olhando estranhamente para o homem, ainda sem interromper o movimento com as mãos e as bolas. A velocidade do malabarismo se intensificou.
“Então me dê uma das bolas.”
“Que bolas?”
“As que estão nas suas mãos, oras!”
Ele respirou fundo, com os olhos arregalados, com o olhar levemente dirigido para baixo, preparando-se para dizer algo importante. Era como se sua cabeça estivesse processando para onde iria correr e, ao mesmo tempo, tentando esconder de si mesma que estava correndo. As bolas no ar, cada vez mais rápido, voavam sobre as mãos do malabarista.
“Não... Você não entendeu bem... Quando eu te disse bolas, eu não estava me referindo às bolas, por que ter bolas é algo que toma minha fala, ou melhor, por que ter uma fala como a minha é algo que toma minhas bolas. As bolas tidas como você as toma, não querem ser expressas pelas mãos e pelos movimentos de um malabarista como eu. Todo esse movimento legitimador me dá pano para construir muitas mangas a respeito do que eu quero dizer, ou melhor, do que eu quero dizer a respeito.”
O homem das flechas certeiras fez uma cara severa. Mirou o arco para o malabarista, que desesperado, sem se levantar do divã, jogava e recolhia as bolas cada vez mais rápido no ar. O homem disse ao malabarista.
“Bolas são palavras, não?”
Então, o malabarista percebeu que o recinto em que ele estava não era mais o mesmo. O pianinho das teclas tortas e trocadas parecia, como uma reminiscência distante, uma árvore seca e velha, quase carbonizada. Os tacos no chão, já não eram mais tacos, eram galhos secos e espinhosos esparramados com reminiscências em um solo escuro. O lustre sobre sua cabeça, já era um sol reminiscente. O divã já não era mais um divã: era um caixão nada reminiscente.
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Por Burke contra Burke
O capítulo que eu recentemente li do A Era das Revoluções acerca da revolução francesa me chamou bastante atenção dada a passinalidade - bem controlada, digamos pertinentemente - com que Hobsbawm lida com o assunto. Nesse sentido, discorro aqui sobre uma vertente específica da grande herança dessa revolução, revisando meus estudos de direito (um pouco capenga, mas, ainda assim, vá lá), tentando pensar tudo que a leitura do texto do escritor inglê me trouxe à mente relacinando-o com Norberto Bobbio, um dos meus preferidos da ciência política contemporânea.
O capítulo A herança da grande revolução, da obra A Era dos Direitos, de Bobbio, nos traz uma vasta análise acerca do panorama das fontes do direito no contexto pós-revolução francesa.
O autor inicia com a descrição do momento chave para o campo da política e para o direito, que é a Revolução Francesa, considerando a afirmação do fim do regime feudal e, também, quanto à aprovação da Declaração dos Direitos do Homem, importantíssimo documento que sintetizava toda a ideologia da época, assim os como valores que estavam em voga.
Sobre isso, é feita a inevitável comparação com a Bill of Rights, a declaração de direitos da luta pela independência norte-americana. Percebe-se então que quanto ao conteúdo, a influencia da declaração dos Estados Unidos é indiscutível, por mais que seus contextos de formulação sejam muito diferentes – a luta pela independência colonial e a derrubada de um regime político e social que há séculos se perpetuava. Ambas as declarações possuíam valores e interesses em comum, sendo representantes de todo um viés do pensamento moderno, que se estende desde as concepções modernas dos direitos até a teoria política moderna.
Bobbio destaca um ponto que constitui a principal diferença entre as duas declarações, que é a referencia evidente, na versão francesa, à vontade geral como guia para o poder legislativo. Ora, vemos aí uma forte influencia de Rousseau, que desenvolveu esse conceito, baseado em preceitos individualistas e naturalistas. Rousseau valorizava os direitos individuais, os quais considerava inalienáveis - razão pela qual, por exemplo, ele sempre rejeitou a idéia da democracia representativa, na qual os cidadãos transferiam seu poder de decisão para um representante.
É exatamente neste ponto que reside os preceitos das declarações em discussão, a existência de direitos naturais pertencentes ao homem e o esforço que se deve fazer para respeitá-los e protegê-los. O texto diz “O ponto de partida comum é que o homem tem direitos naturais que, enquanto, naturais, são anteriores à instituição do poder civil e, por conseguinte, devem ser reconhecidos, respeitados e protegidos por esse poder.”
Essa nova concepção do homem, portador de direitos que se encontrar acima da organização social e das suas instituições, sejam elas quais sejam, constitui uma importante reviravolta no pensamento humano da época. Uma reviravolta, pois representa o rompimento com toda uma ordem tradicionalista que se baseava na desigualdade dos elementos. Tanto no contexto político clássico quanto no medieval, as relações de poder, e logo os direitos de cada um, se configuravam de maneira desigual e desequilibrada, pois não havia uma concepção contrária, um diferente modo de perceber o homem. No panorama clássico, essa visão tradicionalista é encarnada pelo modelo aristotélico, que afirma que o homem é um animal político que nasce em um grupo social, no qual ele aperfeiçoa sua própria natureza. Ou seja, o todo é anterior as partes, uma concepção organicista, assim como é dito no texto: “Numa concepção orgânica da sociedade, as partes estão em união do todo; numa concepção individualista, o todo é o resultado da livre vontade das partes.”
Era necessário que se considerasse o homem como um indivíduo isolado, a parte dos grupos sociais e das esferas políticas. Quando essa consideração é feita, dá-se a discussão sobre os direitos do individuo. Também é importante afirmar que dessa inversão nasce a democracia moderna.
Ainda sobre a desigualdade, o próprio Rousseau faz uma análise descritiva acerca da sua trajetória no tempo, em Discurso Sobre a Desigualdade entre os Homens, no qual ele afirma que a propriedade é a origem do mal e da desigualdade, e o estado e a sociedade civil são produtos da voracidade do homem, que se mostram como benéficos, mas que têm como objetivo principal preservar essa desigualdade. Nesta mesma obra, ele tece comentários sobre a natureza do homem, idealizando-a, afirmando que nesse estado o homem é puro, suave e bom. Nesse ponto, podemos afirmar que os direitos naturais do homem são, para Rousseau, aqueles que se encontram no seu estado de natureza, ou seja, direitos que expressam diretamente valores como a igualdade e liberdade.
Também podemos encontrar uma discussão sobre os direitos naturais na teoria hobbesiana. O autor destaca o estado de natureza como o estado de guerra, diferentemente de Rousseau, e também reconhece a existência de leis naturais – que são a representação desses direitos – que tem como objetivo garantir a ordem e a igualdade entre os homens. O objetivo da sociedade civil seria de positivar essas leis naturais.
Dessa forma, é fácil percebermos que, Hobbes, apesar de não crer na existência de direitos naturais no estado de natureza, acredita nas leis naturais, que estão incutidas na realidade humana e reconhece a sua importância parta tal.
Podemos agora inferir uma análise sobre o paralelo entre Hobbes e Rousseau, frente às suas visões jus naturalistas. A principal diferença consiste em que, o primeiro faz uso de uma abordagem teológica da origem dos direitos naturais do homem, quando o segundo realiza uma interpretação racional desse tema. Essa diferença constitui um importante elemento da ideologia moderna: a transição dessas fontes, do teológico para o racional.
Ao prosseguir, Bobbio discute sobre uma falácia naturalista – que pode ser resumido por: os juízos de ser não decorrem necessariamente dos juízos de dever ser - na declaração francesa. Essa falácia é representada pela frase que abre a declaração: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”, afirmação que, apesar de estar escrita como se descrevesse a realidade, nos prescreve algo que deve ser seguido, algo que o documento deseja que seja a realidade.
O peso do individualismo, desde sua conceituação naquela época até a atualidade, é imenso, assim como observa o autor. Primeiramente, como já dissemos, que esse preceito contribui para a fundamentação da democracia, como ela viria a se estabelecer na contemporaneidade. Bobbio argumenta dizendo “Se a concepção individualista da sociedade for eliminada não será mais possível justificar a democracia como uma boa forma de governo”. Essa afirmação é extremamente válida, pois a democracia só pode existir com a garantia de direitos individuais, partindo da idéia de que primeiro vem liberdade dos cidadãos isolados e depois o poder do governo, que é controlado pelas vontades dos cidadãos.
Retomando mais uma vez o pensamento de Rousseau, podemos dizer que a inversão no pensamento do homem dessa época também encontra representatividade nos trabalhos desse autor acerca da relação indivíduo-governo. Para ele, os indivíduos deveriam reconhecer a importância do estabelecimento de um governo constituir essa sociedade civil com base em sua racionalidade – que é representada por vontade dos indivíduos de possuir um governo que seja seu. Essa nova configuração bate de frente com as antigas concepções de governo – tanto a clássica como a medieval - exatamente devido à mudança na ideologia política acerca dos direitos naturais do homem, ou seja, da individualidade que o homem conquistou – fator que faz com que ele garanta para si a posse de sua sociedade civil organizada.
É fácil observarmos o impacto disso na atualidade. Na democracia brasileira, por mais deturpada e corrupta que seja, os indivíduos tem consciência de que o governo é deles e para eles, em teoria, ou seja, esse preceito está incutido na mentalidade política de nossa época, de forma que seria difícil imaginarmos sistemas políticos ocidentais sem esse fator.
O texto nos traz algumas críticas aos direitos naturais. A primeira a ser apresentada é a de Edmund Burke, um ferrenho e ácido crítico da Revolução Francesa. Burke, que não acreditava que uma Constituição pudesse ter validade ao ser escrita, mas apenas com o decorrer dos séculos, ataca severamente os novos valores morais presentes na declaração francesa: “Não podemos nos deixar esvaziar de nossos sentimentos para nos encher artificialmente como pássaros embalsamados num museu, de palha, de cinzas e de insípidos fragmentos de papel exaltando os direitos do homem”.
Outra crítica substancial que foi feita, veio de Marx, que ataca a defesa à propriedade privada que a declaração faz, tornando-a inviolável e sagrada, e esses direitos naturais, os quais para ele representam apenas os interesses particulares de uma determinada classe que queria subir ao poder.
Como o próprio autor diz, ambas as crítica não poderiam ir adiante. A de Burke perdeu-se no tempo por não apresentar uma sistematização e argumentação mais profunda, algo importantíssimo para uma crítica substancial que vise confrontar com uma nova Constituição. Já a de Marx é destruída pelo argumento de que não importa de quem seja esse interesse de defender esses direitos naturais, o que importa é a discussão sobre a validade desses novos valores e a indexação dos mesmos a ideologia da sociedade, se verificado que são positivos a ela. Como em grande parte de suas idéias, Marx peca pelo fraco poder de análise e discussão, limitando suas explicações muitas vezes a apenas uma justificativa: a ascensão e manutenção de uma classe dominante no poder, não percebendo as nuances e particularidade dos fatos.
A mais séria das críticas assume um caráter filosófico, e por isso deve ser muito bem analisada. Ela nos traz uma discussão sobre a existência desses direitos naturais do homem: será que existem mesmo esses direitos?
O primeiro argumento que podemos encontrar reside em Jeremy Bentham, filosofo e jurista inglês difusor do utilitarismo, que nega a existência de um direito natural universal, que assista todos os homens. Dessa forma, ele segue a formula “a felicidade do maior número”, ou seja, os valores a serem tomados e as ações a serem realizadas devem ser aquelas que proporcionam a maior felicidade para o maior número de pessoas.
O Historicismo também contribuiu severamente para o ataque ao jus naturalismo. Essa corrente defende a ênfase na posição central da história como fator de compreensão a realidade humana. Dessa maneira, o Historicismo diz que os valores do homem são o produto dos processos históricos aos quais ele foi submetido, o que nega não só a universalidade dos direitos naturais, mas também a crença em que a origem do direito seja a natureza humana.
A mais forte crítica ao jus naturalismo vem de uma fonte a qual se firmaria futuramente como sua principal opositora, o positivismo jurídico. Para essa escola, o direito do homem não provém de sua natureza, mas sim são conseqüências do estabelecimento o Estado. Essa nova visão jurídica teve um amplo impacto sobre a consciência jurídica, algo observável até hoje, quando os direitos naturais deixaram de possuir validade, por isso precisam ser positivados.
Essa corrente encontrou sua mais radical representação na Escola de Exegese, que alem de clamar para si a posição que o direito natural havia conquistado, possui algumas características importantes como, por exemplo, a busca pela certeza jurídica e da infalibilidade da norma jurídica, através da positivação do direito.
Apesar de todo o abalo que o jus naturalismo sofreu, desde sua “ascensão” com a Revolução Francesa e com o Iluminismo, no século XVIII, é inegável a sua influencia e importância na contemporaneidade. É um grande equivoco afirmar que as normas jurídicas de hoje, às quais estamos submetidos, são apenas oriundas da expressão do direito positivo. Mesmo o naturalismo tendo perdido sua validade de aplicação direta, ainda podemos encontrar seu peso, por exemplo, na Constituição Brasileira de 1988; o Art. 5º é o melhor exemplo a ser citado.
Além do mais, é válido lembrar de todos os organismos internacionais que encabeçam a luta pelos direitos humanos, que buscam embasamento direto no jus naturalismo, e realizam duas ações no cenário mundial tomando esses valores como existentes e importantes de serem seguidos.
Finalmente, o mais importante que devemos observar, além de todo o impacto jurídico que temos analisado, é o impacto na mentalidade do homem, como já dito. A discussão que foi propiciada pela existência de direitos naturais, trouxe toda uma idéia de individualidade e igualdade entre os homens, que modificou solidamente não só as relações políticas como também a dinâmica das relações humanas, que assumiram, como já analisado, uma configuração diferente.
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quinta-feira, 30 de abril de 2009
Comida
Eu queria que a história do mundo fosse dividida entre a.P. e d.P. Antes da Pizza e Depois da Pizza.
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quarta-feira, 22 de abril de 2009
Imensidões
Do lado de lá, do lado de cá. Uns crescem saltitando, outros engatinhando.
Você se diz muito teórico e vive a afirmar que saiu da realidade. Não é nada disso, não. Você é viciado em prazer. E esse é sua maior fraqueza.
Cuidado com o excesso de legitimidade que os outros veem em você, por maior que seja a sua verdade.
Você sempre sai de casa com uma certeza imensa do mundo, nas pessoas, dos argumentos e das suas motivações na cabeça que ela mal passa pela porta.
O que mais faz com que você se indisponha com o mundo é a sua imensa vontade de nunca fazê-lo.
Não se esqueça que o sol um dia se apagará. Daqui a muito tempo, é verdade. Mas o que você pretende fazer até lá?
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terça-feira, 14 de abril de 2009
Relato de como Py abandonou a igreja
Então. Estava o Py passeando pelos gramados das entrequadras bransilienses, quando, ao parar do lado de uma arvorezinha, aproveitou a deixa para largar a coleira e abandonar a Igreja enquanto essa fazia xixi equilibrada em três patas.
Versão original em http://waltzforanight.blogspot.com/
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Pápápá!
Aula de História Contemporânea. Professor discursa como um locutor de rádio. Em alto e bom tom, com uma destreza argumentativa perfeita, porém chato e cansativo.
Explicando o capital histórico relativo a minha relação com ele: Pi mata as cinco primeiras aula do semestre de uma vez só - sendo que tenho direito a apenas sete durante todo o período. Na sexta aula, chego, sento numa cadeirinha bonitinha, e, quando ele segue a fazer a chamada oralmente:
-Felipe Ricardo!
-Eu! - erguendo a mão, acenando presença. O professor olha a lista de chamada, olha para mim novamente e abre a boca para dizer:
-Seja bem-vindo! - irônico. Odeio ironias dos professores.
-Obrigado - com cinismo. O professor, sentindo meu tom de voz, prossegue, sem deixar por menos:
-O senhor quase reprova, se continuar desse jeito... - ergue as sobrancelhas como um jacobino se divertindo ao torturar um girondino.
-Eu estou ciente do meu direito de faltar 25% do semestre letivo, o que corresponde a 7 faltas para esssa matéria de 4 créditos.
Ok.
Hoje pela manhã, entrei na sala exatamente às 8h, horário de início da aula. Fiquei cerca de 30min prestando atenção, caindo de sono. Saí para um café. Quando volto, passo pela frente da mesa na qual o professor estava sentado, e ele:
-O senhor fica nesse entra e sai, aí não tem jeito mesmo! Já matou não-sei-quantas-aulas... - disse ele como Meternich reclamando no Congresso de Viena.
Ainda em pé, respondi com um tom semi-manhoso:
-Professoooooor, não pega no meu pé não... - professores odeiam serem acusados disso.
-Pegar-no-seu-pé? O senhor não consegue ficar quieto assistindo a aula? Tem que ficar entrando e saindo? - argumentou insistentemente como um monarca que se vê ameaçado pelas massas armadas.
-Fui tomar um café pra dar conta de te escutar sem cair de sono na carteira - alfinetei.
Acometido por um sentimento inesperado e se sentindo acusado, o professor usa de sua mais cara arma de artilharia: ameaçar o aluno deixando bastante claro seu poder sobre as menções e notas finais.
-Qual o nome do senhor?
Sentindo o perigo, revidei:
-Vai me marcar pra continuar pegando no meu pé e corrigir a minha prova com um carinho especial? - tenso! Erqui a sobrancelha também - Felipe, Felipe Ricardo - conclui.
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