terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do mundo e de suas palavras

O que mais tem estado na minha cabeça nas últimas três semanas tem sido o mundo como comunicação. Na verdade, esse pensamento já tem me consumido há alguns anos, mas, nos últimos tempos a que me referi, tem tomado um tom obscuro. A comunicação vista como um tipo-ideal weberiano é uma ilusão. O que existe são apenas entes isolados recheados de idiossincrasias cada vez mais idiossincráticas por dentro que não conseguem, e sequer percebem que não conseguem, estabelecer a comunicação com o mundo. Fato, alguns tentam e se iludem quanto a isso e lidam bem com isso. Ouros, carecem de certas propriedades expressivas ou simplesmente nem se sentem a vontade em relação ao ato de comunicar, e, dessa forma, acabam se curvando cada vez mais para dentro de si mesmos. A imagem de pequenas caixas dançando no escuro, em cadência de ballet e passes de xadrez.
E, como diz Calvino, o mais amargo de tudo que pu/odemos nos permitir pensar: fora daqui não há mais nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Expressão oral sempre foi um problema pra mim.

cazarim de beauvoir disse...

bem, eu rebateria com outras perguntas, as mesmas de sempre:

1. seria possível um mundo, enquanto verdadeiramente mundo (com co-existência), sem comunicação? talvez um universo sim, essa abstração metafísica inatingível, mas jamais um mundo.

2. solidão e silêncio nem sempre são dicotômicos em relação à comunicação. pra ser bem sincero, às vezes é necessário calar para ouvir, e calar tudo por dentro para ouvir tudo por fora. se comunicar fosse só esse jorro de palavras, quem é que, afinal, iria perceber comunicação? o silêncio e a fala se sustentam, o indivíduo e o coletivo se exigem inexoravelmente. irremediavelmente, caso se seja mais pessimista do que eu.