sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ensinando Teoria das Relações Internacionais

A pedido dos meus amigos, comecei a ensiná-los um pouco do que se vê em Teoria das Relações Internacionais (adelante, TRI). Para tanto, tomei fatos do cotidiano, como sempre faço - e acho válido - para exemplificar proposições teóricas. (Vale ressaltar que esse exercício reviveu em mim a minha velha vontade de desenvolver uma pesquisa na área aplicando a teoria do comportamento dos Estados à pessoas, propondo uma Psicologia Política. Hoje, sinceramente, acho esse projeto um absurdo ou algo próximo disso, por mais que soe possível e interessante).

Aula 1 - Diferenças ontológicas entre a corrente Neorealista e Construtivista

Situação: Meu grupo de amigos vai à um bar em Goiânia. Muitas pessoas. Umas 18, eu diria. O empasse é que esse grupo estava fragmentado, ou seja, vários pacotinhos de pessoas (indo na onda da Lyanna) estavam dispersos pela cidade e não sabiam o bar ao qual iríamos tampouco o horário ou meio-de-transporte. Fato: alguém precisa organizar o encontro. O que ocorre? Beto centraliza a organização, o que faz com que ele tenha que atender e telefonar a cada 17 segundos, impedindo-me de discutir com ele em uma mesa do Café Franz's. Mobiles sucks.

O que um Neorealista diria? Primeiramente ele elencaria como fatores de poder elementos de natureza material, no caso, o celular e a conta ilimitada patrocinada pela Josias Corporations, que o Beto tem. Dessa forma, é visível que o Beto asumiu a posição de hegemon, encarregado de organizar a saída e decidir destinos, pois possuía os fatores de poder (material) necessários para tanto.

O que um Contrutivista diria? Ok, é óbvio que o Beto não teria assumido a posição de hegemon sem os recursos materias necessários para desempenhar essa função. Mas seria essa a explicação suficiente?
Por que, por exemplo, a Renata não centralizou as organizações para a saída daquela noite? Afinal, ela tem um celular muito mais moderno e com uma conta muito mais poderosa do que a do Beto. Ela tem até um carro melhor do que o do Beto!
É basicamente a esse tipo de pergunta que os realistas não conseguem dar uma resposta por partirem de uma ontologia muito limitada. O construtivismo põe no centro da mesa não os elementos materiais como fatores determinantes de poder, mas sim as idéias socialmente compartilhadas. Ou seja, o contato dos atores acaba por criar condicionantes de comportamento e culturas próprias que passam a reger as posturas dos mesmos.
Nesse sentido, o Beto centralizou a organização para a saída daquela noite não por que tinha ele um celular potente ou grana ilimitada para gastar com ligações, mas sim porque é ele que, por "tradição", sempre faz isso! Ok, fatores materiais importam, mas apenas imbuídos de significados. Ou seja, os atores já se adaptaram em depositar na pessoa do Beto a "responsabilidade" e função de organizador. Pensem como seria estranho a Aline, sentada numa mesa do Matsuri, com o celular na mão calculando quanto cada um deveria pagar e tudo mais. No no no.

4 comentários:

Aline disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk,
Pi, você tá ficando cada vez mais louco. Ok, e mais engraçadinho também.

Josias Corporations foi ótimo!

beta(m)xreis disse...

fabuloso, pi! kkkkkkkkk


mas só um comentário: nao tenho mais esse de créditos ilimitados não. SUPER fica a dica.

dora disse...

Acho que a Aline devia, sim, fazer os cálculos das contas das nossas mesas. Super confio. Noooooooooot.

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom