segunda-feira, 14 de maio de 2007

Análise - Adeus, Lenin!


Este filme mescla perfeitamente bem informações históricas com uma interessante construção cinematográfica. Pretendo abordar, nesta análise, esses dois lados do filme, que se completam belamente.
A “Berlim dividida” e conflituosa dos anos 80 é o pano de fundo para a história. Vemos uma família composta de três membros, Alex – personagem cujo olhar é a base para como o filme será desenvolvido -, sua irmã e sua mãe. Após um acidente, a mãe de Alex entra em coma por oito meses, e, durante esse período, ela perde uma enorme gama de acontecimentos políticos e sociais que se desenrolam com a transição econômica.
O primeiro aspecto histórico que abordarei se refere à velocidade dos acontecimentos que o filme retrata. Em um espaço de tempo menor que um ano, ocorrem mudanças importantíssimas, tanto no espaço nacional alemão quanto no meio internacional, que se resumem basicamente a queda das tentativas socialistas no mundo. Aponto aí uma característica que está intrincada no mundo atual: a veloz pós-modernidade, em que tudo muda rápido; fatos históricos recentes se tornam passado em um piscar de olhos. Para comprovarmos isso, basta analisarmos a magnitude da queda do socialismo no mundo, um processo extremamente complexo que consegue finalizar-se em menos de um ano.
Outro ponto a ser discutido é a forma com que o “pano de fundo histórico” influencia diretamente na vida das pessoas. A família alemã de Alex, assim como os outros personagens do filme, atravessa os acontecimentos da época sentindo na pele suas conseqüências, dificuldades e nuances. Isso pode ser exemplificado por algumas cenas, como por exemplo, à em que Alex corre desesperadamente em um antigo supermercado nacional procurando por produtos que ele facilmente encontraria a alguns meses atrás, mas que agora estão em falta devido à desnacionalização do país; ou então os inúmeros takes que focalizam a rua da casa de Alex mostrando a grande quantidade de mobílias que os moradores abandonaram por inúmeros motivos. Vemos assim que o impacto dessas mudanças não se resume ao panorama político-social, mas se estende ao cotidiano e à ideologia das pessoas.

Grande parte da beleza do filme se encontra na estrutura que ele usa para contar a história. Podemos, através de uma boa análise cinematográfica, destacar quatro “planos” sendo desenvolvidos no filme, ou seja, três “histórias” que estão sendo contadas ao mesmo tempo. A primeira, já destacada, é o contexto histórico, o background. A segunda trata da dinâmica familiar, sob o olhar de Alex. A terceira traz ao espectador uma antiga história dessa mesma família, que se viu dividida junto com Berlim; refiro-me a história do que ocorreu com o pai de Alex, que preferiu ficar na Berlim ocidental, enquanto a mão levou os filhos, ainda pequenos para a porção oriental. A quarta, que acrescenta um tom especial ao filme, é a própria mentira de Alex, o próprio mundo que ele inventa como se tivesse o poder de escolher os rumos da história. Essa é a parte mais importante do filme, pois aqui há um diálogo com o espectador sobre o próprio papel da história, construindo questionamentos acerca de como a história se constrói e qual é o papel das pessoas perante a ela, além de também apresentar o interessante lado criador e sonhador do personagem Alex, que faz da sua própria vontade sua mentira mais bem desenvolvida.

1 comentários:

Bruna disse...

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