terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Ziara

Pelo o amor de deus me mate! Vá com deus, essa é a frase que você sempre diz, sem motivo algum, talvez uma herança familiar, talvez uma. Pelo amor de deus me mate! E eu digo isso com essa voz estribuchada porque você quer que eu tenha essa voz. Mas que diferença faz, leitor? Você só poderá ler minhas palavras, e não ouvir-me. Mas como você acha lindo criar um clima! Oh!, um clima! Como você adora me fazer falar com ele não é? E olha só!, você é bom mesmo! Se podes perceber - realmente, você foi muito bom no uso da segunda pessoa - no paragrafo anterior há um diálogo duplo!, um diálogo duplo! Hablas Duplicata!, - que lingua é essa? ah, não importa! - pois fala-se com o meu amigo que está de frente a mim, e com o meu outro amigo que está dentro de mim. Ou será que fora? Será que fora senão dentro? Dói. Ah, mas dói. Cala a boca. Se dentro, saia! Eu não delego a ti as minhas escolhas. Eu tenho esse direito!, ah, como?, não me faça dizer isso! Eu não tenho direito algum de ter direito algum! Brinquedinho liquido! Onde está o copo? Crudelis! É!, se é assim, pelo menos eu posso reclamar! - é fato que eu posso reclamar pois isso será extremamente bem vindo ao seu drama constante. Me criou para entre-te-lo, mas me tem presa a você! Fará bem a você, é, fará! Ou foi para os outros? Entre-te-lo ou entre-te-los? Ah! Mas você é os outros! Não há muros aqui! Você é os outros! E digo, alguém percebeu sua metáfora do espelho noite passada. Os outros é você na frente do espelho. E, por medo, me faz dizer: Não sei até onde isso tudo é verdade. Como tudo, não é?

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