quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Ascensão

Estava parado. Porém ainda vibrava. O branco denso e vazio reluzia sobre a fina retina aquosa de seus olhos cálidos. Músculos estáticos. Mente em movimento. Dores, pensamento. Queixo com movimentos periódicos se ocupava de consumir a pouca energia restante. Pensar... pensava. Nada mais.

Telhado. Braços abertos. Chão pintado de buracos-negros. Espirais. Nuvens. Cores? não. Tudo liso, nada encoberto. Pele clara, luz que penetra. Nariz erguido de pálpebras desenroladas. Dedos fluidos, varetas; não rígidas nem tensas, mas sim leves e brandas.
Olhos enxergam, agora abertos. Cai lentamente uma folha, de vidro. De onde vem? Por que cai? Leve, calma e constante. Constante. Bela? constante! Alegre? só se quiserem. Para junto ao chão. Chão-sustentação. Olhos-rastros movem, miram a folhinha cristalina. Joelho também vê. Quer ir ao encontro dela. Pernas que se curvam, músculos que se contraem. Pele e vidro. Sangue. Sangue caminhando. Sangue-mercúrio. A morbidez da lentidão preenche os espaços vazios do tempo. Marcas e rastros espalhados pelo chão. Um caminho, atalho. Até a porta. Fresta, sim aquele líquido passa pela fresta. Andar de baixo? Por favor.

Sala. É do verde que o onde fala. Folícula plasmada. Vaga, vago, vavelhado com orvalho de gotas de sabor de essência de tons do profundo. Luz vespada traspassa janelas vitrais cingidas. Caules virgens, clorofilados. Clorofilamentos. Umidade nos poros do ar, que não se move, estático. A Pausa é a rainha. Chão de água e vento. Cores. Pensares. Folhas tênues, novas e molhadas.
Passo dado. Espirra, a, poça, e, respinga, de, pingo, a, pingo. É verde! E os vórtices! Ah, os vórtices! Que mágicos! Vene. A tangência da brisa ventaica gileteia uma epiderme – é morna, tenra e calcusa.
Musgo esgueiradeiro, dilaptérico – é tinta. O bafo, que bafo que és. È bafo, fuso e confuso, dores de tempo, opresso ao regresso, permissões, assuntamentos. Invasora, que aquece aqüejando de molhos. Cabelos verdes, que idéias, looongas porém incompletas, com folhas, de onde? De onde? Daqui.
Inclinação do cerne encefólico, mira olhandonhava, na poça verde, no chão-sustentação. Dedo alongamentandolonguejandoaolonge. Toca com o toque fino, delicatus. Porta deslizando em ângulos fazendo o mover nascer. Mais uma vez, para baixo? Sim, por favor.

Porão. Escuro o breu se faz na força luminosa que existe. Rastros de sombra e som. Som, o som. Gironde-girando ao sonar ruídico. Ouvido, sim já os possuía; o uso, não o fizera. E os olhos, as janelas de entrada? No escuro-brêiuco são úteis ao passageiro, por que não?...?. Decidiu abrir os olhos mas percebeu que estava sem pálpebras; já os abrira antes. Não, não via isso, onde estava isso? Que era, se é que era?
Lá estava, mergulhada na madeira a escada do espaço. Mãos tremidas de shaquem, do toque, to to to (quer?) to que. De degraus por degraus, ao erguer ao combinar, reverter, progamar, ter desfazer, prometer e cumprir. Sem ditos. Ao topo escadeiro, o corpo é cruz de braços, os pés-pontas. Suspiro e respiro, num fluxo e refluxo da constância de sua própria divindade. E o pulo.

0 comentários: